domingo, 30 de janeiro de 2011

Cultivando Mate

, Peckolt, Gustavo Herva Matte (Monografia Original para o Almanaque Agrícola Brasileiro 1921)

Os cultivadores de mate aconselham de distinção entre sementes perfeitas e aptas a germinar, das sementes inúteis, o seguinte processo: Desprovidas as sementes da parte mucilaginosa, que a envolve, coloca-las dentro de um vaso com água morna para permanecer algumas horas: acontece que as sementes imprestáveis subirão à tona d´água e as boas, isto é, as aptas para a cultura, permanecerão repousadas no fundo do vaso.

A planta que vulgarmente denominamos mate pertence ao gênero Ilex, o qual compreende também espécies descritas pelos Drs Reisseck e Th Loesener, na monografia das Aquifoliáceas.

Outrora o gênero Ilex criado por Linneu foi incluído pelo botânico suíço A. Pyramus de Candolle, na divisão das Aquifoliáceas e mais tarde inserta na família das Ilicínea, pelo eminente botânico Brongniart.

O Dr. Theodoro Loesener, em 1891 procurou reunir todos os vegetais desta família sob a denominação de Aquifoliáceas de De Candolle; porém em 1896, foi a família definitivamente estabelecida entre as plantas do gênero Ilex pelo botânico Al. Kronfeld, que a descreveu na obra de Engler e Pranth.Ilex paraguaensis

A planta brasileira pertencente a esta família e a mais vulgarmente conhecida, foi determinada, em 1822, pelo famoso botânico francês H. de Saint-Hilaire, que obtendo um exemplar procedente do Paraguai, o escreveu com o nome de Ilex paraguaiensis.

Posteriormente este botânico, estudando as plantas que colheu no Estado do Paraná, encontrou alguns Ilex com pequena divergência do exemplar procedente do Paraguai e classificou então a original do Estado do Paraná com o nome de Ilex mate.

Em 1893 o botânico Dr S. Reisseck, revendo a família das Ilicínea, por ele descrita na Flora Brasiliensis de Martius, conservou a primeira classificação Ilex paraguariensis, dada por H. de Saint-Hilaire.

Em 1824, o botânico D. Don, recebendo alguns exemplares do mate cultivado pelos jesuítas, classificou-o igualmente com o nome de Ilex paraguariensis, espécie esta que concorda virtualmente com a sua derivação, e que foi aceita pela maioria dos botânicos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Mate sua germinação e os Jesuítas

Gustavo Peckolt, Monografia da Erva Mate , Almanaque Agrícola Brasileiro 1921

A divulgação do mate foi em grande parte devida aos jesuítas que, procurando aperfeiçoar o preparo da sua infusão, espalharam o seu uso, por isso que o levavam a sede das suas missões.

O produto utilizado por eles foi primeiramente colhido em estado silvestre e que crescia abundantemente nos territórios que ocupavam: e os jesuítas, pelo espirito observador que possuíam, chegaram a conclusão que a cultura desta planta, além de ser uma boa fonte de riqueza, era realmente útil pelo grande emprego que possuía a infusão de suas folhas como bom excitante das forças e também como um meio proveitoso de evitar o abuso do álcool entre os selvícolas.Flor de Erva Mate

Esses missionários, para o desenvolvimento da cultura do mate utilizavam-se dos serviços dos índios já domesticados, os quais recebiam em troca do seu trabalho além de alimento e fumo, o próprio mate preparado pelos jesuítas.

Conseguiram realmente uma grande prosperidade da cultura desta planta, principalmente porque conheciam o método de germinação das sementes, e notaram que o mate cultivado se tornava superior ao silvestre, não só em sabor, que ficava menos amargo, como em aroma, que passava a ser mais suave.

Acreditavam os jesuítas que germinação de sementes só se efetuava depois de terem passado estas pelos intestinos dos pássaros, engano, que perdurou por muito tempo entre os que tentavam o cultivo desta planta, pois que não conseguiram a germinação da maioria das sementes.

Este erro porém se desfez, uma vez provado que a causa única da falta de germinação das sementes, na maioria dos casos, era devida a ausência de frutificação, por isso que as flores do Ilex na maior parte das vezes são dioicas por abortamento dos estames ou do pistilo. Isto se corrige polinizando artificialmente as suas folhes fêmeas, tal como se procede indiretamente na cultura da tamareira, e assim se conseguem sementes, perfeitamente aptas para a germinação.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Herva Matte - II

Gustavo Peckolt, Monografia no Almanaque Agrícola Brasileiro, 1921

Nos ervais do Paraná e de Santa Catarina , existem duas qualidades de mate , o do talo branco e o mate de talo roxo, os quais se diferenciam entre i, pelo aspecto de seu pecíolo, arroxeado ou verde pálido.

No Paraguai encontra-se mate em abundancia , em estado silvestre; pois ai vimos grandes ervais , que representam para este país preciosa fonte de riqueza, tal qual acontece com relação aos Estados do Paraná e Riomate e cheleira Grande do Sul.

Nestes dois últimos estados, nos quais existe grande quantidade de ervais, não só a colheita se faz de modo simples, como também a preparação da erva se pratica de maneira simples, como também a preparação da erva se pratica de maneira singela. A colheita custa aos coletores o só trabalho de retirar as folhas e os ramos novos da planta. Feito isto, as folhas e ramos são submetidos a um processo especial que consiste em seca-las ao calor para em seguida entregar a erva ao consumo.

O mate é conhecido na república de origem espanhola pelo nome de “hierba” ou “hierva de palos” e, em outros lugares, pela denominação de Chá do Paraguai, Chá das missões, Chá dos Jesuítas e Congonha.

A significação do nome mate tem a sua origem, segundo alguns autores, na cuia onde é comumente preparado e a sua infusão,e os espanhóis chamaram de mate.  Os franceses, igualmente, o conheciam por este nome e semelhante denominação espalhou-se entre a maioria dos europeus; pois foi o nome mate aplicado ao produto conhecido do comércio brasileiro. Julgamos que mate se originou da denominação vulga “erva do mato”, usada pelos primeiros colonos, pela corruptela de erva do mato em erva mate e, com a queda do primeiro elemento, ficou mate.

Com respeito ao vocabulário Congonha pelo qual é denominado o mate em Minas e São Paulo, a origem é corruptela da palavra indígena Kongonha. Nestes dois estados não só se dá este nome ao mate como também o aplicam a alguma espécies de Ilex e a outras plantas do gênero e família diferentes da que pertence ao mate.

O uso do mate foi espalhado pelos selvagens entre os habitantes das regiões onde é nativo, e daí se propagou ao meio civilizado, que abrange uma grande parte da zona tropical da América do Sul.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Herva Matte , 1921

O Matte, planta indígena da zona temperada da América do Sul, cresce entre 18 e 30º de latitude sul, com especialidade entre 21 e 34º, que é a região mais favorável ao seu desenvolvimento, e principalmente na zona compreendida entre Paraná, Mato Grosso e Paraguai, região que a partir da Cordilheira de Amanbaí, vaI  até ao norte da Serra de Maracajú. O mate que nasce nesta zona é considerado como o de melhor qualidade, e se desenvolve muito mais facilmente nas fralErva_Matedas das montanhas e margens dos regatos.

Salientam-se, dentre os Estados do Brasil, onde se acha a planta conhecida pelo nome de mate os Estados do Sul, particularmente o Estado do paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em Mato Grosso, nas margens do rio Guaporé, no município de Miranda e nos campos de Nioac também existe mate.

O emprego do mate é conhecido, desde tempos remotos, pelos habitantes das regiões sul americanas, os quais dele faziam uso ora em mastigatório, ora como bebida.

Nas descrições sobre as riquezas do Brasil, feitas pelos seus descobridores, não se encontra menção alguma tocante a esta planta , entretanto o mate era já bastante usado pelos Incas, no Peru, como o comprovam os fatos: 1º de ser encontrado junto com utensílios domésticos, próprio ao seu uso; 2º existir ao lado das armas de guerra; 3º finalmente o haverem deparado nos túmulos de Ancon, perto de Lima.

Data de muito tempo o suo que faziam os índios Guarani de uma planta por eles denominada Kaá-mi, Kaá, erva excelente.

Usam-nas estes índios por manter-lhes as forças nas suas longas caminhadas e, bem assim, para resistir á fome. Entregavam-na, também, quando partiam para a caça ou pesca, nos lugares alagadiços por servi-lhes de preservativo contra febres palustres.grandes esforços.

Com este fim, os selvícolas mascavam as folhas da planta Kaá-mi, preparadas, por um processo especial, que conheciam, e da infusão da mesma faziam uso os Guaranis, quando se aplicavam a trabalhos que demandavam grandes esforços.

Os espanhóis, ao tempo das conquistas territoriais, viram-se obrigados a internar-se nas florestas do Paraguai e do Uruguai, por causa da perseguição que mantinham contra os índios; e, por esse tempo notaram que estes, no intento de suportar as longas caminhadas, faziam uso de uma planta especial, que, segundo apontamentos publicados pelo capitão de fragata Don Felix de Azara, era a Kaá.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os Herbários do Período Medieval

Depois da queda do Império Romano , durante a Idade Média, a medicina se refugiou nos mosteiro, que ofereciam asilo seguro e tranquilo, propício para o estudo e a meditação; representantes de Cristo na terra, os padres da nova religião encamparam a função de curar e sucedem os seus precursores os sacerdotes pagãos. Assim nasce, a medicina laica e a medicina eclesiástica, na qual o simples uso das plantas medicinais já a colocava no rol de extrema importância.

Na Itália, e por toda Europa, florescem os conventos de monges que cultivam as plantas divinas que darão saúde aos homens que sofrem.

Estamos falando do ano 529, quando é fundado a ordem de São Benito do famoso convento de Monte Cassino, que até o florescimento da escola copistamédica de Salerno, constituiria um ativo foco de estudos médicos e botânicos. Esta é a época de Casiodoro, que que foi ministro do grande Teodorico e precursor de Carlo Magno na institucionalização da escola pública, e se retirava par a vida monástica e recomendava aos seus monges de Squilache, a leitura do livro das ervas de Dioscórides e o estudo das virtudes curativas dos simples, tratando o mesmo tempo de dignificar os estudos médicos quando dizia:" “Entre as artes mais úteis, destinadas a sustentar a indigência e a fragilidade do corpo, nenhuma pode ser considerada superior, nem ao menos igual, a medicina, que assiste com benevolência material aos doentes em perigo e cura nossas dores e cura aqueles que nem as riquezas nem as honras são capazes de curar.” Ao mesmo tempo nos conventos de verde Erin se estudava os textos clássicos e já chegava o fim do século VI empreendem os monges irlandeses grandes viagens por todo o continente com o propósito de implantar as novas ordens e a rígida disciplina que se praticava na velha Irlanda; assim são fundados na Alemanha no século VIII por São Columbano e seus discípulos, nos conventos de San Gall e de Fulda, e na Itália de Bobbio, vizinho a Pavia, nos menos afamados que os de Monte Cassino como centro de estudos médicos. Do jardim medicinal a enfermaria do convento de São Gall, no ano de 820, ficou uma descrição cheia de detalhes entre estes detalhes a descrição de uma enfermaria que cuidava de seis pacientes ao mesmo tempo. Havia casa para o médico, depósito de farmácia e um jardim onde se cultivavam inte e duas plantas medicinais, como a salvia, o lírio, o ópio silvestre, a agrimonia entre outras.

Desta época e destes conventos conhecemos os poemas sobre as plantas medicinais: O Hortulus de Wahlafrio Strabo. Abdal do convento de Fulda, e o livro das Virtudes das Plantas. De todos os manuscritos do período medieval o mais famoso é o Herbarius de Apuleus Barbarus.