domingo, 26 de dezembro de 2010

Extrato Fluidos Silva Araújo –Agoniada

 

Plumeria lancifoliata Müll e Willd- Apocynea -

Árvore que abunda na Serra do Mar, de madeira rija e às vezes de caule volumoso prestado-se a construção de caixas.

Parte Usada: Casca e folhas, sobretudo aquelas, cuja cor é vermelha e se enroscam quando secas.

Propriedade Terapêuticas: As cascas de agoniacascas e floresda são muito usadas, como purgativo, tendo ação especial nas linfatites, adenites, escrófulas e ingurgitamentos ganglionares.

A ação purgativa da Agoniada é aproveitada nas dermatoses simples e nas congestões uterinas, dismenorreias, etc…

Análises químicas revelaram a existência de um alcaloide na agoniada, que foi denominado agoniadina. Este alcaloide foi empregado na dose de 10 a 25 centigramas contra o plasmódio de Laveran.

Esta planta constitui um magnifico terapêutico. Deve ser experimentada pelos médicos.

Martius, na sua Flora Brasiliensis descreve esta planta como medicamento popular, de ação poderosa nas afecções histéricas, na clorose, nas mestruações difíceis, irregulares e dolorosas e nas febres intermitentes.

Sendo planta excessivamente amarga, e de vantagem nas atonias gastro-intestinais e nos catarros crônicos.

Também aplicado na asma, e seu nome vem justamente desta ação especial, aliviando os asmáticos da respiração difícil e dispneia, constituindo uma verdadeira agonia.

Empegam-se as casas que, secas, se enrolam formando tubos.

O extrato fluido pode ser usado até 5grs em um veículo qualquer, nas adenites, e como purgativo na dose de 10grs.

Empregada com resultado nas inflamações do útero e ovário, nas cólicas de menstruação e na suspensão menstrual. Aconselha-se nas metrites, endometrites e corrimentos.

Extrato Fluido: Dose: extrato fluído, a melhor forma para ser empregada a agoniada, deve ser usada na dose de 15c.c. em água diariamente e dividido em 3 porções, nas linfagites, adenites agudas e bubões, e na dose de 20 a 30c.c. como purgativo, nas erupções da pele, congestões da mucosa uterina, mestruação irregular.

Bibliografia: Catálogo de Extratos Fluidos Silva Araújo, pág7

domingo, 19 de dezembro de 2010

Systema de Matéria Médica Vegetal Brasileira

Car. Fred. Phil. Von Martius -1854

Mytaceas

Pitangueira (eugenia uniflora): eugenia é o noPitangasme de uma espécie de uva em latim

Ibipitanga

Eugenia Michelli, plina rubra.

O fruto, pitanga, recomendável pela cor, sabor acidulo-doce, com razão é contado entre os mais belos presentes da natureza. Preparar-se-ão com ele calda, vinho, e vinagre, que tem vários usos medicinais.

Grumixameira (eugenia Brasiliensis, eugenia. grumixama)

O fruto, grumixama, mucilaginoso-sacarino, mais seco que o precedentes, um pouco adstringente, tem os mesmos usos.

Jabuticabeira (eugenia cauliflora, que tem o talo florido; com flores sésseis)

O fruto, jabuticaba, pode comparar-se ao precedente em sabor e propriedades.

Cambuhy (eugenia crenata com folhas recortadas)

Guaviroba, Rio Grande do Sul (eugenia variabilis)

Guaviroba ibidem (eugenia xanthocarpa, verde)

Guaviroba, Pará (eugenia myrobalana, de myrobalanum, nome latino de certa planta)

Pitangueira do mato, S. Paulo (eugenia ligustrina, nome de alfineteiro em latim)

Uvalha, S. Paulo (eugenia uvalha)

Cagaiteira (eugenia dysentrica)

Estas e varias outras espécies produzem fruto acido-doce, mais ou menos sacarinos, e ao mesmo tempo subadstringentes, que cultivados se poder tornar excelentes. A eugenia uvalha e a disentérica abundam em ácido málico.

Guabiroba, Rio Grane o Sul (myrtus mucronata, aguçada)

O mesmo que a respeito dos precedentes.

Araçá em tupínico (psidium, nem em latim nem em grego encontramos nome parecido)

Araçá Mirim , araçá-iba (psidium araçá, psidium pyriferum, que produz pedra)

Pasidium, guajava

Guaiába (pyriferum)

Araçá-guaçu (pomiferum)

As espécies referidas de psidio e outras, produzem frutos comestíveis, insignes pela sua matéria sacarina, e pela feliz união da mucilagem com o princípio adstringente, o que os torna nutritivos e corroborantes dos intestinos. Crus são muito estimados, mas os naturais preferem cozidos ou em doce.

Jambeiro (jambosa vulgaris, eugenia jambos) importada da Índia.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Baldroegas ou Beldroegas

Portulaca Oleracea, L.

Família Portulaccas, grupo Calandrineas beldroega

É uma planta que vegeta em todas as partes do mundo; já os antigos a conheciam. Em todo Brasil é conhecida; os índios usavam varias espécies de Portulaca com o nome de caá-rerú, denominação que davam a varias plantas comestíveis.

As folhas mucilaginosas são usadas em saladas, cozidas em caruru e ensopadas com carne , constituindo um alimento fresco, de fácil digestão, porém de pouco valor nutritivo.

Para uso médico, aplicam-se as folhas socadas como cataplasma sobre as úlceras, e tem um efeito detergente; cozida forma um cataplasma ante-hemorroidário; internamente, o cozimento tem efeito diurético, e usa-se contra a gonorreia.

Beldroegaflor

(1) Theodoro Peckolt; História das Plantas Alimentares e de  Gozo do Brasil

domingo, 28 de novembro de 2010

Theodoro Peckolt: O Farmacêutico e a Flora Brasileira

 

Theodor Peckolt nasceu em Pechern, na Silésia alemã, em 13 de junho de 1822. Sua paixão pela química e pelas plantas começou muito cedo. Peckolt revelou sua vocação, trabalhando como prático em farmácias. Mais tarde, prestou serviço militar coTheodoro-Peckoltmo farmacêutico na fortaleza de Glogau. Estudou farmácia, posteriormente, nas Universidades de Rostock e Gottingen e, em 1846, começou a trabalhar no Jardim Botânico de Hamburgo. Foi contemporâneo de importantes cientistas como von Martius, Eichler, Wiegand, Goeppert, Hanbury, Oberdoerfer e Dietrich. Reconhecendo aptidões de Peckolt, von Martius o induziu a visitar o Brasil na excursão científica de 1847, a fim de estudar a flora tropical e remeter-lhe o material colecionado. Peckolt embarcou no navio “Independência” em 28 de setembro. chegou ao Brasil em novembro e aqui permaneceu os restantes dos seus 65 anos de sua vida.

Em janeiro de 1848, Peckolt empregou-se na farmácia de Mariolino Fragoso, e como havia aprendido nossa língua em uma pequena gramática da língua portuguesa que havia copiado e decorado na viagem de navio, as pessoas não conseguiam entender o que falava em português. Todas as conversas eram feitas por escrito, que Peckolt traduzia por dicionário. Foi desta forma que aviou suas primeiras receitas. Nos sete meses em que ficou nesta farmácia. Peckolt aprendeu a falar português sofrível e conseguiu juntar o dinheiro necessário para comprar um animal de sela e preparar a viagem. Tudo apesar dos apelos de Fragoso, que lhe propôs fazer o exame de suficiência e dar-lhe sociedade na farmácia.

Em setembro de 1848, Peckolt começou sua exploração do país, viajando a cavalo, percorreu as Províncias do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estudando-lhes a flora. Existiam, então poucos médicos no interior e os conhecimentos farmacêuticos do jovem naturalista colocavam-no na posição vantajosa de poder prestar reais serviços aos doentes que o consultavam. Como compensação destes serviços recebia, além dos honorários, objetos interessantes de história natural e contribuições valiosas para a sua coleção botânica. No início de 1850, passou algum tempo com os botocudo nacnanoue do Rio Doce, antes de voltar pra o Rio de Janeiro. Os recursos que poupou permitiram a Peckolt manter-se na Corte por algum tempo. Apresentou-se ao exame farmacêutico na Escola de Medicina do Rio de Janeiro em julho de 1851 e foi aprovado .

Em novembro do mesmo ano, estabeleceu-se em Cantagalo, Rio de Janeiro, a convite de médicos e fazendeiros alemães e suíços. Ali comprou uma farmácia e casou-se, em 12 de junho de 1854, com D. Henriqueta, filha do vigário protestante da colônia alemã de Friburgo, cidade da qual foi um dos fundadores. Peckolt preferia Cantagalo a Friburgo porque a cidade estava mais próxima das matas do vale do rio Doce, o que tornava as expedições mais baratas. Viajava em companhia de dois índios como guias e para maior segurança, acompanhava as tropas do exército que por ali passavam. Em suas viagens percorreu grande parte do vale do paraíba e as margens dos rios Pombas e Doce. Atravessou grande parte do estado de Minas, fazendo de Diamantina seu centro de operações. Sua contribuição para a Flora Brasiliensis, de von Martius, foi vultosíssima, distinguindo-se este cientista com a máxima confiança. Sua colaboração não se limitou ao fornecimento de materiais: von Martius e seus colaboradores enviavam-lhe as provas tipográficas de textos e desenhos para que fossem comentados e corrigidos. Nestas excursões colheu muito material até então desconhecido, que hoje enriquece o Museu Nacional no Rio de Janeiro, vários museus na Alemanha, e museus e Estocolmo e Upsala.

Peckolt permaneceu em Cantagalo até 1868, e ali realizou cerca e quinhentas análises quantitativas de extrato de plantas da flora brasileira, grande parte das quais foram publicadas em revistas internacionais. Algumas destas análises ainda hoje são únicas, como a do guaraná da Amazônia. Ele estudou plantas brasileiras de diversas famílias, observando as condições nas quais vivem e se multiplicam, recolheu dos nativos informações sobre nomes triviais, usos e propriedades farmacêuticas. O herbário fornecia-lhe os meios para a comparação morfológica as numerosas espécies e, no laboratório, Peckolt aprofundava o trabalho, obtendo informações detalhadas sobre a composição química das plantas medicinais, seus alcaloides e outras substâncias de extração. “Não conhecemos”, diz Hermann von Hering “outro exemplo de naturalista , versado igualmente, em estudos botânicos e químicos, que tão profundamente tivesse estudado e esclarecido por investigações próprias, o estudo econômico, farmacêutico e químico de qualquer flora tropical”. Peckolt ocupou-se também de questões zoológicas, dentre as quais destacamos o estudo das Trigoniidas, as abelhas sociais do Brasil.

No período de 1852 a 1867, ainda residente em Cantagalo, recebeu muitas horarias acadêmicas, foi nomeado. Membro Correspondente da Real Sociedade Botânica de Regensburgo, recebeu igual distinção da Real Sociedade Farmacêutica da Alemanha. Foi feito Doutor Honoris Causa da Academia Cesária Leopoldino-Carolino-Germânica, instituição alemã que gozava então de grande prestígio. Em 1864, foi nomeado Oficial da ordem da Rosa, por sua participação na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, 1861, na qual obteve medalha de ouro. Os produtos que então apresentou incluíam frutos, sementes, cascas, raízes, óleos, resinas, gomas, sucos e extratos, dentre outros e estavam prontos para uso farmacêutico. Esta coleção foi integralmente remetida para a Exposição Universal de Londres, 1862, “sendo recomendada não só pelo seu interesse científico, como ainda pelo alcance que alguns dos preparados que aí se encontram, podem e devem ter relação aos interesses das indústrias e sobretudo da farmacologia.

Em abril de 1868 mudou-se definitivamente para a Corte, onde fundou a Farmácia Peckolt, na rua da Quitanda 157. Nela mandou construir um laboratório em que continuou a analisar nossas plantas. Pouco depois recebeu, das mãos do Duque de Saxe, um dos genros de D. Pedro II o título de Farmacêutico da Casa Imperial.

É singular, que os resultados obtidos por este incansável cientista tivessem sido tão pouco conhecidos e apreciados no país que ele adotou. Com seu falecimento em 1912, desaparece o último representante dos botânicos como Glaziou, Ule, Dusen, Mueller e Barbosa Rodrigues, que por numerosas publicações e criação de coleções promoveram o conhecimento da flora do Brasil.


Bibliografia:

Revista Química Nova Set/ out 1998 Vol. 21 nº 5 pág. 666 a 670

Theodoro Peckolt: Naturalista e Farmacêutico do Brasil Imperial

autores: Nadja Paraense dos Santos; Ângelo C. Pinto e Ricardo Bicca de Alencastro

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SAPUCAINHA

Rodolpho Albino Dias da Silva

Capatroche brasiliensis Enndl. Gen

Habita o estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espirito Santo, Bahia até o Piauí.

Floresce de dezembro a janeiro e tem frutos maduros em junho.

A parte usada terapeuticamente é o óleo extraído das sementes. Como no mercado se encontram geralmente essas sementes, para que possam ser seguramente identificadas.Sapucainha

Secas e privadas do arilo, como se apresentam no comercio, são obscuramente trigonas, ovoides, mais ou menos angulosas e deprimidas por precisão reciproca; medem de 15 a 20mm de comprimento. Sua superfície externa é de cor amarelo-pardacenta, pintalgada as vezes de manchas pardas mais escuras e estriadas longitudinalmente. Na região da chalaza, presentam uma vasta cicatriz umbiliforme.

A amêndoa é de cor pardo-avermelhada ou pardo-acinzentada e finalmente estriada superficialmente; o albume, volumoso, é carnudo e óleo, de cor pardo amarelada ou esbranquiçada; o embrião cor pardo-amarelada  ou esbranquiçada; o embrião é branco, glabro e mede cerca de 6-8mm de comprimento; é formado por uma radícula cilíndrica, de base dilatada e dois cotilédones, com uma nervura mediana e duas laterais.

Propriedades Terapêuticas

O povo emprega a polpa do fruto como peitoral, e os frutos verdes contusos são usados em lavagens para matar insetos nos animais.

As sementes reduzidas a pasta são empregadas externamente contra diversas afecções da pele; o óleo, que dela extrai, é também usado com o mesmo fim.

Sua ação específica contra o bacilo da lepra realiza-se a custa dos seus ácidos graxos não saturados, isto é, dos ácidos chaulmogrico e hidnocarpico.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Maririçó, Capim Rei ou Batatinha Amarela

Sisyrinchium galaxoides, Fr Allemão ou Poarchon fluminensis, Fr Allemão

É uma pequena planta que se assemelha pelo porte a um  pé de capim, donde vem o nome de Capim-rei

É encontrada em estado selvagem nas matas do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Também é muito cultivada nos jardins como planta medicamentosa.

Tem um pequeno rizoma tuberoso que atinge o tamanho mais ou menos de uma grande avelã, arredondado, emitindo em sua circunferência raízes fibrosas um pouco grossas com a parte interna de cor amarela de abobora.

Folhas radicais dispostas em leque de 20-30 centímetros sobre sob um centímetro de largura na parte inferior e de 2 a 3 linhas na parte superior; as flores, de cor amarela em número de 1-2, pedunculadas, dispostas em uma haste comprida e fina que parte do centro das folhas; fruto capsular, oval-triangular.

A raiz tuberosa não tem aroma, mas um ligeiro sabor adocicado. Da tubera extra-se uma fécula contendo um principio resinoso, ao qual pode com razão ser atribuída a ação laxativa e mesmo purgativa que possui aquela parte do maririçô

Essa resina pode ser separada, tratando-se a fécula pelo álcool fervendo.

A raízes tuberosas são usadas como purgativo, para um adulto na dose de 2-3 tuberosa contusas, com 180 gramas de água, coado em pano fino e dado a tomar o liquido em duas doses.

As tuberosa secas, reduzidas a pó, são usadas como laxativo na dose de 15 a 20 centigramas e nas afecções dadosas, na dose de 5 a 10 centigramas algumas vezes por dia.

São também empregadas em clisteres nas obstruções das crianças, em infusão de 2 gramas das tuberosa para 120 ml de água fervendo, e nos adultos contra as hemorroidas nas doses de 8grs para 120 ml de água fervendo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Aloe Barbadenses - Mill

Já se vão séculos que a babosa é cultivada em quase todos os jardins do Brasil. Nos escritos de Vicente Yanes Pison e do holandês Margrave em seus livros fornecem noticias desta planta.

Tem folhas grossas, carnosas, de 20-50cm de comprimento sobre 8 de largura, firmes, quebradiça, terminadas na parte superior por uma ponta com as bordas cheias de pequenos espinhos dispostos de maneira dos dentes de uma serra; flores tubuladas de cor amarela, dispostas em espigas sobre um longo pedúnculo que parte do centro das folhas.aloe_vera_babosa

As folhas tem, na sua parte interna, uma polpa mucilaginosa inerte, apresentando na parte externa vasos próprios cheios de um suco amargo, que, depois de evaporado a consistência de extrato, constituem o produto usado na terapêutica soba denominação de Aloés.

Os processos empregados para a obtenção do Aloés são variáveis. Alguns usam corta as folhas carnosas pela base, dependurá-las sobre uma cuba, de maneira que esta receba o suco que escorre da incisão, evaporando-o depois ao sol ou ao fogo; outros contundem as folhas, expremem-nas e, pelo repouso, separam o suco que é evaporado a consistência necessária, ou então cortão as folhas em pequenos pedaços, mergulhando-os  durante dez minutos em água fervendo, substituindo-os por outros pedaços  até que o liquido fique bem carregado; deixam esse líquido, arrefecer e ficar em repouso durante algumas horas, e finalmente, separam por decantação o liquido, que é evaporado a fogo brando até a consistência de extrato mole e derramado em vasos apropriados, onde permanece até completa dissecação.

O primeiro processo dá um  produto mais puro, porém menos rendoso.

Conforme o processo empregado para sua extração, assim varia a coloração e opacidade do aloés, sendo geralmente frágil, quebradiço, translucido ou opaco, de cor castanha preta ou chocolate, de sabor muito amargo, aroma particular e dando pela pulverização um pó amarelado.

O aloés translucido, solido ou mole, de cor avermelhada, de aroma não desagradável, é o que é conhecido por Aloés  socotrino, ou Aloés lucido; sendo da cor do fígado opaco, é denominado aloés hepático, e o que se apresenta em massa de cor preta, de aromas nauseoso, de sabor desagradável, contendo diversas impurezas, é chamado: Aloés caballino (de cavalo) pelo uso que deles fazem estes animais.

O aloés puro é solúvel no álcool e na água fervendo, insolúvel no clorofórmio, no sulfureto de carbono e no éter.

A composição química do aloés é um tanto variável, conforme a sua proveniência; o aroma que ele possui é devido a um óleo especial de cor amarelada.

As folhas da babosa são usadas, quando frescas e contusas, como emolientes e resolutiva.

A parte interna carnosa das folhas é separada, lavada, cortada sob a forma de supositórios e aplicada como calmante contra os acessos hemorroidários.

As folhas secas, em cozimento, são usadas como emolientes e a parte mucilaginosa das frescas é aplicada  topicamente para evitar a queda dos cabelos. São também usadas para desmamar as crianças, aplicando o suco topicamente nos bicos dos seios, dando mais um forte amargo.

Contusas e fervidas as folhas frescas com óleo de amêndoas até completo desaparecimento de toda umidade, é obtido, depois de filtrado e aromatizado com diversas essências, o produto chamado “óleo de babosa”, muito afamado para evitar a queda dos cabelos e ajudar o seu crescimento.

O suco seco, ou em extrato mole (aloés), é usado internamente contra as dispepsias, nos estados congestivos do fígado, nas hidropisias, nas hemorróidas, nas diversas moléstias da pele, como anthelmintico.

A palavra babosa resulta da semelhança que há entre entre o suco mucilaginoso exsudado da planta por incisão e o produto da secreção salivar, quando excessivamente espesso (baba), principalmente em certas espécies de animais.

domingo, 17 de outubro de 2010

Serjania cuspidata Camb, Timbó de Peixe

Paulinia guarania Vellozo, trepadeira de ramos pubescentes, com pecíolo de três folhas, bastante vulgar nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e Minas Gerais.

A planta fresca, esmagada é utilizada para a pesca em lagoas ou áSerjaniaguas de pouca correnteza, usada também batida fortemente dentro d’ água, de modo a tontear os peixes, que assim se deixam apanhar com a mão.

Esta planta foi analisada e se achou óleo essencial, de aroma particular agradável muito parecido com uma mistura de essência de arruda e de salvia. O principio denominado Ichthyotonina é um álcali orgânico volátil, muito parecido com a Conicina da Cicuta virosa; ele tem aparência de óleo é de cor amarelada e o seu sabor é acre desagradável de aroma viroso, um tanto semelhante ao de fumo. Foi obtido por destilação das folhas frescas com potassa caustica em solução diluída, segundo processo usado para a obtenção da Comicina. Este princípio orgânico volátil paralisa os músculos respiratórios, o coração e o diafragma e daí a morte por asfixia. A Ichthyotonina produz efeitos tóxicos por simples inspiração e em contato com os ácidos forma sais cristalizáveis. Das Serjanias a mais tóxica para os peixes é a Serjania ichthyoctoma Radlk

A Serjania serrata, Radlk denominado popularmente Timbó legítimo ou Timbó peixe, é planta arbustiva, trepadeira que se encontra nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A Serjania triste Radlk, é chamada Cipó timbó ou Timbó do campo, no Estado de Minas Gerais e São Paulo; a Serjania acuminata, Radlk, planta de caule trepador, muito longo, e também conhecida no estado do Rio de Janeiro pelo nome de Timbó legitimo ou Tingui legítimo.

O Timbó grande ou Timbó de boi é a Serjania carnotheana, Camb, planta trepadora que se encontra nas florestas dos estados do Rio de Janeiro, Bahia , Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, também muito procurada para envenenar peixe e matar a bicheira do gado.

As Serjania possuem geralmente as mesmas propriedades toxicas de embriagar ou envenenar os peixes.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tephrosia cinérea. Pers, tóxica para os peixes

Tephrosia-cinerea

É uma planta rasteira de 60cm a 1m de altura, com os ramos cobertos de pelos acinzentados; as suas flores são de cor violácea e o fruto é uma vagem de 4 a 6cm de comprimento sobre 2cm de largura. A casca do rizoma é lenhosa e possui as mesmas propriedades e tem os mesmos usos que as raízes de Thephrosia toxicara: seu nome vulgar é Tingui rasteiro ou Timbó.

Em São Paulo, denomina-se Tingui ou timbó á Thephrosia rufescens de Benthan.

Ainda pertencente a esta família , temos o Guaraná-Timbó ou Timbó, que é a Comptosema pinnatum de Benthan, planta arbustiva de 1 a 3 m de altura, pouco ramosa, de folhas alternas, pecíolo comum, de 10 a 20 cm de comprimento, tendo 7 folíolos ovais oblongos, agudos, com 15cm, mais ou menos cada um, sobre 3 ½ de largura. As suas flores são de bela cor rósea e o seu fruto é uma vagem de 15cm, mais ou menos de comprimento, sobe 4cm de largura. Este Timbó é encontrado geralmente nas proximidades dos rios, particularmente no Estado de Minas Gerais.

Esta Camptosema, corresponde a Piscidia erytrina de Vellozo, que é o Timbó de raiz , Timbó boticário ou Guaraná-Timbó, por corruptela de Uaraná ou Guaraná cujo nome vulgar corresponde, á afamada Paulinia cupana de Kunth.

Casca da raiz da nossa Comptosema é considerada toxica, principalmente para os peixes e quando esmagadas e batidas na água.

Esta mesma casca quando fresca é usada para curar a sarna e matar a bicheira dos animais. É na família das Sapindaceas que se encontra o maior numero de plantas para envenenar peixes e quase todas com os mesmo nomes vulgares das plantas da família das Leguminosas já mencionadas, sendo que a maioria destas plantas são trepadeiras e, algumas, até, formando cipós de grande grossura.

O timbó peixe ou Tingui e a Serjania cuspidada Camb. Ou Paulinia guarumina Vellozo, trepadeiras de ramos pubescentes, com pecíolo de três folhas, bastante vulgar nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e Minas Gerais.

A planta fresca, esmagada, é utilizada para a pesca em lagoas ou águas de pouca correnteza.

Esta planta analisada por Gustavo Peckolt encontrou em 1000grs de folhas frescas:

Óleo essencial 1,013grs

Ichthyotonina 0,010grs

Ácido serjanico 0,053grs

O óleo essencial possui um aroma particularmente agradável muito parecido com uma mistura de essência de arruda e de salvia. A sua densidade é de 15ºC 0,918. O princípio que denominamos Ichthyotonina é um álcali orgânico volátil, muito parecido com a Conicina da Cicuta virosa; ele tem aparecia de um óleo, é de cor amarelada e o seu sabor é acre desagradável e de aroma viroso, um tanto semelhante ao do fumo.

Foi obtido pela destilação das folhas frescas com potassa caustica em solução diluída, segundo o processo usado para a obtenção da Conicina. Este principio orgânico volátil paralisa os músculos respiratórios, o coração e o diafragma e dai a morte asfixia. A Ichthyotonina produz efeitos tóxicos por simples inspiração e em contato com os ácidos formam sais cristalizáveis. Assim como esta Serjania, temos muitas outras igualmente usadas e para os mesmos fins que aquela e dentre as quais mencionaremos a Serjania ichthyoctoma Radik, bastante comum nas matas do Rio de Janeiro; esta planta muito tóxica para os peixes.

Araucária brasiliana, A.Ric. Lamb

É uma árvore, magnífica, sempre vede, piramidal, com cerca de 50m de altura e 6 de circunferência; ramos 4-8, verticilados, brotando circularmente do tronco; folhas escamosas e ásperas, imbricadas; flores variadas no extremo dos ramos, reunidas no extremo dos ramos, reunidas em cachos de forma cônica, compostas de escamas, sendo as masculinas colocadas nas axilas das escamas; as femininas de forma oval; o fruto com 15cm, pouco mais ou menos de extensão, de forma cônica, superfície escamosa, de cor verde, constituído pela reunião de escamas que envolvem a semente, queAraucarias do Parana são de forma cônica alongada em um eixo comum, cujo ápice é voltado para fora formando a parte verde exterior do fruto; as sementes envoltas em cada escama da pinha, á proporção que se concentram, tomam uma cor avermelhada no ápice, mesclada de manchas escuras; cada uma delas compõem-se de um tegumento duro e coriáceo difícil de romper-se; segue-se depois uma membrana delgada, avermelhada que envolve uma amêndoa branca oleosa, leitosa antes de madura.

O vegetal floresce no mês de agosto carecendo de 10 a 11 meses para o completo desenvolvimento dos frutos, dando 60 a 80frutos e cada um destes contendo 600 a 800 bagas, das quais 120 a 250 acham-se frutificadas e as outras são chatas e sem amêndoas.

Encontra-se em quase todo o sul e sudeste do Brasil, principalmente no estado do Paraná, onde aparece em maior quantidade formando a Floresta de Araucárias.

É cultivada no jardim como planta de adorno. AsPinhoes sementes denominadas “pinhão”, privadas da parte coriácea, cruas ou cozidas, são alimento para o homem e para animais. As amêndoas secas ao calor, e reduzidas a pó, fornecem uma farinha nutritiva de fácil conservação; torradas e misturadas com leite e açúcar, dão uma bebida semelhante ao chocolate. 

O eixo onde se acham alojadas as bagas constitui, no estão verde, uma haste semelhante ao sabugo da espiga de milho, protegida por uma substância glutinosa conhecida vulgarmente por goma de pinhão, usada contra as afecções pulmonares.

Uma haste fornece 15 a 20grs da substância glutinosa que é separada com facilidade, sendo esta da consistência de extrato mole, de cor pardacenta, sem aroma, mucilaginosa e de sabor particular.

Os amantilho das flores masculinas verdes são muito resinosos, possuindo um aroma não desagradável, um pouco semelhante ao do zimbro, (Juniperus comunis, L)

O caule da árvore deixa exsudar um liquido aromático que, ao contato do ar, no fim de algum tempo, se endurece, sendo conhecido pelo nome de resina de pinheiro; a qual é usada internamente em xarope como peitoral; raras vezes externamente.

Resina de Araucaria

Esta goma-resina, seca e exposta ao calor do fogo em vaso apropriado, amolece sem se fundir e sobre um forte calor arde com chama fuliginosa, espalhando aroma semelhante ao do incenso.

A madeira do pinheiro é usada para construção civis e naval, podendo distinguir-se três variedades: branca, parda e vermelha, o que depende provavelmente do terreno e localidade onde o vegetal cresce.

É superior em qualidade ao pinho de Riga e outras madeiras semelhantes importadas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Plantas tóxicas para os peixes

Dentre as nossas plantas usadas pelos índios para embriagar os peixes e pescar com a mão em lagoas e águas paradas destacam-se: espécie da família das Leguminosas, uma grande maioria das plantas da família das Sapindáceas e ainda um pequeno numero de plantas da família das Euphobiaceas, das Myrtaceas, das Minispermáceas etc... Todas estas plantas são indiferentemente chamadas de plantas Tingui ou Timbó, outras vezes chamadas de Tinguí de planta, Cipó Tinguí, Cipó Timbó ou Timbó peixe.

Na família das leguminosas a mais conhecida é a Thephrosia toxicaria Pers, também conhecida por Anil bravo. Pequeno arbusto de caule ereto, lenhoso, com folhas compostas de 10 a 20 pares de folíolos, os quais medem 3 a 4cms, de comprimento sobre 3 a 8mm de largura , são obtusos e levemente pilosos na face interior. O fruto é uma vagem de 5 a 6cms de comprimento sobre 2 a 3cms de largura, ligeiramente coberta de pequenos pelos cor e ferrugem.

As raízes são tuberosas e quando frescas e esmaPescadeaguadocegadas servem para “tinguir” as lagoas e águas paradas dos riachos, com o objetivo de embriagar os peixes e apanhá-los com a mão. Nas proximidades de Santarém, no Pará, esta planta é conhecida como Timbó peixe. O suco de suas raízes tuberosas é considerado veneno narcótico-acre.

Ao lado desse Timbó, destacam-se também a planta conhecida como Timbó de boticário, por ser mais usada na farmácia, é ela o Lanchocarpus Peckoltii, Wawra, cujas raízes possuem as mesmas virtudes que as da Tephrosia toxicaria, sendo até considerada de efeito mais tóxico para os animais de sangue frio. Este Timbó foi analisado, e nas cascas frescas das raízes achamos: Timboína é um alcalóide volátil que possui aroma ativo, acre, desagradável e é de efeito fortemente tóxico. Há também o Ácido lonchocarpico cristalizado.

A casca fresca da raiz dessa planta, quando contusa, é empregada para matar piolhos, carrapatos e as bicheiras dos animais. Esta casca fresca é bastante usada pelos caboclos para embriagar os peixes.

A cataplasma da casca fresca contusa da raiz é empregada para combater as moléstias crônicas do fígado, produzindo no local sobre a pele, uma forte vermelhidão.

As cascas secas desta planta perdem inteiramente as suas propriedades ativas. O extrato hidro-alcoólico das cascas frescas da raiz é usado externamente como resolutivo dos tumores. Com este extrato prepara-se nas farmácias o famoso emplasto de timbó, outrora preconizado para tratamento das hepatites crônicas. A alcoólatra da casca da raiz é sem dúvida a melhor formula farmacêutica, pois não sofre a ação do calor e portanto nada perde de seus princípios ativos.

A casca fresca da raiz fornece 5,10% de extrato alcoólico.

Bibliografia:

Peckolt, Theodoro e Gustavo, (História das Plantas medicinais e úteis de Brasil).

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Absinthio nos Laboratórios Silva Araújo e Granado

Artemisia absinthium, Synantherea (composta) Linneoartemisia-absinthium

Parte usada: Folhas e sumidades floridas

Sinomia vulga: Losna, Acintro

G: Composição química: Essência (principio toxico), absinthina (princípio amargo e tônico)

Propriedades Terapêuticas: Tonico, estimulante, aperitivo, em doses elevadas é emenagogo, amenorréico e vermicida

Classifica-se o Absintio como um amargo aromático e, quanto as suas principais aplicações, ele é: febrífugo, vermífugo e estomáquico, sendo que, neste último caso, é bem apreciável os seus resultados nos doentes atacados de dispepsia por insuficiência funcional

Pelos seus princípios ativos (essenciais, absintia, tanino, etc) é o absintio considerado, sem dúvida alguma, um dos principais amargos aperitivos, pelo que se introduziu, até ao abuso, o respectivo licor, hoje com venda interditada nos países onde o seu uso tornou-se verdadeiro flagelo social. Entretanto a terapêutica continua a tirar seu uso magnífico resultados, considerando-o, sob certos aspectos, verdadeiramente insubstituível.

Preparações Oficinais : Hydrolato, tintura, Tintura composta (Elixir de Stoughton), vinho xarope, Alcoolato vulnerario, alcolatura vulneraria

Especialidade Silva Araújo: Vinho de quina, calumba e absintio

A associação dos poderosos elementos tônicos, carminativos, estimulantes e aperitivos, veiculados em vinho generoso de fraco grão alcoólico, que compõe a formula acima, explicam o sucesso que tem mantido esta antiga especialidade da Silva Araújo & Cia, no favoritismo do receituário médico.

G: Posologia: 2 a 6 gramas por dia.

Extrato Fluido Dose: 2 a 6c.c., em 24 horas, em água, xarope ou vinho

Xarope de Absinthio

Extrato fluido                  25c.c.

Xarope simples                975c.c.

Vinho de Absinthio

Extrato fluido                   30c.c.

Vinha Branco                    970c.c.

Abuta nos Laboratórios Silva Araújo e Granado

Chondodendron Platyphyllum, Miers – Veloso – Menispermácea

Sinomia vulgar: Butua, Caapeba, Parreira brava

Parte usada: Raiz

Propriedade Terapêutica: Diurético, tônico e febrífugo eficaz. Eabutua-cissampelos_pareirampregado nas mestruações difíceis e nas cólicas post-partum. É também emenagogo.

G: Muito empregado internamente nas afecções dos rins e bexiga e nas areias.
Externamente em cataplasma nas orquites, como resolutivo.

Encontra emprego muito popular contra a hidropisia e para combater os corrimentos blenorrágico.

Entre os princípios que explicam a respectiva ação o alcalóide pelosina ou  cissampelina (Wigers) que seria idêntico a berberina.

Preparação: Tintura

Extrato Fluido Dose 1/g a 1c.c. (10 a 20 gotas) em poção para usar durante 24 horas. Externamente, como resolutivo, em cataplasma de linhaça (30c.c. ou 1 colher das de sopa para 500,0 de linhaça pul.) 

G: Posologia: 0,20 a 1,0 em poção, xarope, etc.

Bibliografia:

Catálogo de Extratos Fluidos – Granado – 1921

Catálogo de Extrato Fluido dos Laboratórios Silva Araújo - 1930

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Extrato Fluido Silva Araújo

Abacateiro – Laurus Persea, Lineu, Laurácea

Partes usadas: Folhas e renovos

Propriedades Terapêuticas: Diurético, digestivo, carminativo, balsâmico e expectorante.

Usa-se com real vantagem nas moléstias dos rins, bexiga e fígaabacate do. Além desse emprego principal encontra também aplicação no tratamento das diarréias e desinteiras, como adstringente, devido ao tanino contido na planta.

A matéria aplicada sobre o abacateiro forma já extensa biografia, quer com referência ás suas aplicações medicinais quer dizendo respeito as propriedades de outras partes da planta: fruto, caroço, produtos extraídos, óleo, etc..

Já serviu de base a estudos sobre vitaminas, principais que o fruto encerra em abundância.

Deixamos de nos referir a esses detalhes que escapam do ponto de vista que interessa ao presente trabalho.

Há grande vantagem em preferir o extrato fluido aos cozimentos porquanto a planta de que nos servimos nos nossos laboratórios e colhida na época conveniente, quando o vegetal apresenta as condições ótimas de desenvolvimento de seus respectivos princípios. Contrariamente a isso, as folhas colhidas em época indeterminada, muitas vezes são absolutamente desprovidas de princípios ativos e portanto, inócuas sob o aspecto terapêutico.

Especialidade Silva Araujo – Bi-urol granulado efervescente (citratos de lithio e de sódio, sulfato de sódio, formina e abacateiro)

O Bi-urol é um poderoso agente terapêutico, cujo largo e crescente emprego preconizado pela classe médica, da-lhe um lugar de destaque único,como maior de todos os remédios para combater o efeitos do ácido úrico na economia: artritismo, gota, cólicas renais, nefríticas, reumatismo e todos os males provenientes de intoxicação orgânica.

Pode-se considerar e proclamar o Bi-Urol o complemento indispensável a saúde dos intoxicados, pelas várias e múltiplas causas que comprometem a função e a regularidade dos órgãos essenciais  á vida.

Extrato Fluido : Dose: 1 colher das de chá (5c.c.) 3 a 4 vezes em 24 horas.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pupunha

Pupunha  sem espinhos ou Babunha, Pirajá, Pirijão. Bactris gasipae. Grupo das Cocoinas. Pupunha1

Tronco elevado, folhas pinadas crespas, lineares-lanceoladas, quase pontudas, o caule é coberto de espinhosa; a drupa globosa ou oval-cônica do tamanho de um abricó com epiderme lisa lustrosa, amarela, a polpa amilacea, cor de carne amarelada, o putamem ósseo, coberto de um tecido fibroso.

Uma penca tem mais de trezentos frutos;os indígenas comem os frutos crus ou assados em cinza; também preparam uma farinha de que fazem broas.

Da polpa preparam uma bebida vinhosa, assim, como também um doce, que é muito apreciado no Norte.

Os espinhos das folhas são utilizados, como agulhas pelos indígenas, para  fazerem na cutis certos sinais que representam distinções entre eles, como entre nós as condecorações.

Da madeira fazem armas cortantes.

Bacaba  Oenocarpus bacaba

Bacabá assú, Palma comum, Família das Palmas, grupo das Arecineas

O tronco alcança a altura de 50 a 60 pés, ereto, cilíndrico, na ponta mais fina.

fruto-pupunha-4

Folhas em número até dez, de 24 pés de comprimento, reunidas em um feixe terminal. Os frutos são em cachos, o bago é sub-globoso, de epiderme purpúrea, azulada, de três centímetros de diâmetro; a polpa é um pouco seca, grumosa; o coco, coberto de fibras lisas, flexíveis, encerra um caroço comestível.

No norte dá frutos em novembro e dezembro mas também há lugares apropriados para seu desenvolvimento, onde floresce e dá fruto durante todo ano.

A polpa mucilaginosa chupa-se, e serve de alimento aos indígenas, quando é cozida, deposita um sedimento, que se seca ao sol, tornando-se duríssimo, e que é um recurso para o tempo de fome ou nas longas viagens,pois, sendo amolecido  com água, forma alimento nutritivo. Também da polpa seca prepara-se uma bebida vinhosa que chamam “Yukissé”.

Os caroços do coco constituem uma delicia para os indígena. Também se prepara um óleo, que os habitantes usam como azeite de bacaba para fins culinários.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Maririçó, Capim Rei ou Batatinha Amarela

 Sisyrinchium galaxoides, Fr Allemão ou Poarchon fluminensis, Fr Allemão

É uma pequena planta que se assemelha pelo porte a um  pé de capim, donde vem o nome de Capim-rei

É encontrada em estado selvagem nas matas do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Também é muito cultivada nos jardins como planta medicamentosa.

Tem um pequeno rizoma tuberoso que atinge o tamanho mais ou menos de uma grande avelã, arredondado, emitindo em sua circunferência raízes fibrosas um pouco grossas com a parte interna de cor amarela de abobora.

Folhas radicais dispostas em leque de 20-30 centímetros sobre sob um centímetro de largura na parte inferior e de 2 a 3 linhas na parte superior; as flores, de cor amarela em número de 1-2, pedunculadas, dispostas em uma haste comprida e fina que parte do centro das folhas; fruto capsular, oval-triangular.

A raiz tuberosa não tem aroma, mas um ligeiro sabor adocicado. Da tubera extra-se uma fécula contendo um principio resinoso, ao qual pode com razão ser atribuída a ação laxativa e mesmo purgativa que possui aquela parte do maririçô

Essa resina pode ser separada, tratando-se a fécula pelo álcool fervendo.

A raízes tuberosas são usadas como purgativo, para um adulto na dose de 2-3 tuberosa contusas, com 180 gramas de água, coado em pano fino e dado a tomar o liquido em duas doses.

As tuberosa secas, reduzidas a pó, são usadas como laxativo na dose de 15 a 20 centigramas e nas afecções dadosas, na dose de 5 a 10 centigramas algumas vezes por dia.

São também empregadas em clisteres nas obstruções das crianças, em infusão de 2 gramas das tuberosa para 120 ml de água fervendo, e nos adultos contra as hemorroidas nas doses de 8grs para 120 ml de água fervendo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Com a Ipeca a descoberta dos alcalóides

Na metade do século XVIII, uns quantos pesquisadores europeus começaram a prestar a atenção na Cinchona. Muito interessante para a ciência saber o que continha em tal casca: Já os homens simples pratica só procuravam um meio de distinguir entre a Cinchona pura e a adulterada.

Vieram numerosas alegações, da Suécia, da França, da Alemanha,de Portugal, Rússia Escócia, sobre o encontro do princípio essencial da Cinchona. Em Paris, um Armand Seuin, negocista e falsificador de drogas já com uma estada na prisão, anunciou a notável e falsa descoberta de que a boa casca de CChinchona Amaelacinchona era rica em gelatina… “É nessa gelatina que está o princípio ativo da casca. É a gelatina que cura a malária!” Mas a gelatina não cura coisa nenhuma, como o próprio Seguin o verificou e também os pobres médicos que a seu conselho se puseram a tratar os maláricos com produtos gelatinosos.

Depois veio o famoso Antonie François Fourcroy, o professor francês que ou  sobreexcedia os seus competidores ou mandava-os para a guilhotina. Fourcroy produziu uma serie de manipulações químicas e afinal apresentou uma substancia parda, sem sabor nem cheiro, á qual deu o nome de “chinchona vermelha”. Ao contrário do que alegava, esse produto não exercia efeito nenhum na malária. Apesar disso Fourcroy chegou á beira do triunfo. “Estas pesquisas”, concluiu ele, “conduzirão sem dúvidas, á descoberta de substancias antimaláricas”.

Se ele tivesse insistido na busca, um dia mais, talvez ele próprio tivesse feito a estupenda descoberta. Isso, entretanto, estava destinado de outra maneira, iria caber a dois jovens químicos de Paris, Pierre Joseph Pelletier, rapaz de 29 anos, filho de um farmacêutico e já professor na Escola de Farmácia, e Joseph Bienaimé Caventou, um lépido estudante de farmácia então com 24 anos.

Reuniram-se pela primeira vez em 1817 ano em que apareceu o relatório das descobertas do Sertuerner sobre a morfina. Nunca um relatório foi devorado  com maior avidez!

- O método deste homem é admirável, disse Pelletier.

É simples e eficientíssimo. Se por este processo ele encontrou a morfina no ópio, talvez possamos encontrar outros princípios ativos em outras plantas.

E começaram os estudos coma ipeca, um novo emético vindo da América do Sul, boa para a disenteria, e disso saiu a emetina. Depois se voltaram para a venenosa strychnos ou a noz vômica e dessa planta extraíram um poderoso veneno que causava a morte depois de convulsões, espasmos, espuma na boca e terrível rictus sardonico ( o “riso sardonico provem da Sardenha, a pátria da strychnos). Pelletier e Caventou pensaram em dar ao novo produto o nome de “vauqueline”, em honra a um grande amigo, Monsieur Vauquelin; mas foram aconselhados a desistirem da idéia. Vauquelin podia não gostar de ver o seu nome ligado a um tão cruel veneno, e o nome adotado foi o de strychnine, ou estriquinina. casca de quina

As experiências de laboratório mostravam que tanto a emetina como a estriquinina assemelhavam-se a morfina de Stuerner. Atuavam como álcalis, reagiam como álcalis tinham todas as propriedades dos álcalis, embora não tivessem a formula dos álcalis.

- Na Alemanha o químico Meissner, descobriu toda uma nova família de produtos químicos. Todos provenientes de plantas, são orgânicos, mas pelas suas semelhanças com os álcalis podem ser chamados alcalóides.(1)

(1)Silverman, Milton - “Mágica em Garrafas” A historia dos grandes medicamentos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Descobrindo a Injeção de Morfina

O inglês Dr Alexandre Wood estava preocupado em melhorar o sistema de colocar morfina no organismo e desenvolveu a injeção hipodérmica. Com a maior facilidade possível injetar uma dose de morfina na pele, de modo a aliviar o paciente torturado pela dor em segundos. Por causa desta descoberta o Dr Wood teve os aplausos de todo o mundo científico do final do século XIX. Porém, a revanche do medicamento sobre o descobridor do método não tardou e sua esposa tornou-se a primeira morfinomaniaca da longa série criada pelo método do Dr. Wood.

O vício era um ponto que os mais brilhantes químicos e os mais engenhosos médicos não haviam considerado. A morfina era uma droga de dois gumes. Os antigos chineses podiam ter-lhes feito essa revelação, porque já de séculos olhavam para o ópio com a maior clareza de vistas. Os chineses costuma dizer: “Embora seus efeitos sejam rápidos, muitas cautelas o ópio requer, porque o ópio mata como uma faca”.injecao

A trágica morte da senhora Wood em consequência do vicio da morfina devia ter sido um aviso, mas não foi. Além disso, por uma razão que não podemos alcançar, os médicos da época se convenceram de que a agulha de injeção era o meio de proteger seus clientes do que eles chamavam o “apetite pela morfina”.

“Dar morfina pela boca”, diziam eles, “é procurar complicações. Temos de esperar muito tempo para que o efeito analgésico se produza. Nunca sabemos que quantidade devemos prescrever, porque os pacientes são diferentes entre si. E, além disso, a morfina dada por via oral não só é desagradável como desperta o “apetite”. Mas se a ministramos por meio da agulha do Dr. Wood, tudo muda. Sabemos que quantidade exata convém dar, obtemos resultados imediatos e nunca criamos o hábito”

Primor de observação científica! E os médicos foram além: “Vício da Morfina? Tolice! Equivale ao vicio alcoólico ou ao do café”.

E desse modo, acariciada com as bênçãos de grandes médicos, a morfina foi usada e abusada, a menor dor de dentes vinha logo uma injeção de morfina. Era no tempo da Guerra Civil na América, e os médicos de campanha abusavam da droga. Ninguém pensava na agonia que se segue a cessação do efeito da morfina, e ministravam outra dose.

Ao terminar a guerra o número dos viciados revelou-se grande, e os médicos da época, para evitar vai-e-vens, introduziram o sistema dos clientes terem em casa as seringas de injeção e se injetarem a si mesmos.

Mas nem todos os médicos se mostravam de tanta cegueira. Houve os que publicaram nos jornais de medicina advertências terríveis e pediram providencias aos legisladores. E quando essas Cassandras começaram a enfileirar fatos concretos e da maior eloqüência, todo o corpo médico as acompanhou.

Os legisladores moveram-se. Morfina? Ópio? Vício? Que querem que façamos?

Leis proibitivas, declararam os médicos. Controle do ópio e da morfina nos portos. A aplicação de tais drogas só deverá ser feita por meio de receita médica, e é preciso fiscalizar os médicos, de modo que só usem em último caso.

Era Tarde. Os médicos deviam ter acordado mais cedo. A indústria dos preparados medicinais já havia percebido aquele pendor do povo pela morfina. Então, surgiram atraentes remédios para resfriados, para a “condição pélvica da mulher”, para o câncer, os reumatismos, as nevralgias, as diarréias, o cólera, e até xaropes calmantes para as crianças. Os rótulos tinham o cuidado de não declarar que a base era sempre a morfina ou o ópio.

E vieram os remédios para combater o vicio da morfina, os quais também continham morfina ou outros derivados do ópio.

Em 1898 o Professor Heinrich Dreser, da Bayer, comunicou ao Congresso dos Naturalistas e Médicos Alemães a descoberta em seus laboratórios dum novo produto, parente da morfina, um produto, disse Dreser “que aliviava a dor tanto quanto a morfina”

- Tanto quanto a morfina? Se é assim que utilidade tem isso? Basta-nos a Morfina.

- Sim, afirmou Dreser, mas a minha droga não vicia. Ao ouvir essa afirmação, a assistência pôs-se de pé. Estava ali um grande descoberta! Evitar a dor, suprimir a dor, produzir sono e não viciar? Que maravilha! E podemos usar para curar o vicio da morfina, foi o pensamento geral dos médicos entusiasmados. “E que milagre é esse, Professor?”

- Quimicamente falando, é a di-acetil-morfina, mas como é nome muito complicado para o produto, batizamos de HEROÍNA.

Conclusão de estudos feitos comparativamente entre as drogas.

A Heronia é uma droga mais segura que a Morfina como a principio foi dito pelo Dr. Dreser. Porém, os relatórios de tratamento em pacientes declararam o contrário.

A toxidez da heroina, segundo todas as evidencias, é muito maior que a da morfina. Como droga viciante, provavelmente excede a tudo quanto se conhecia anteriormente”.

sábado, 21 de agosto de 2010

Principium somniferum em humanos

Sertuerner procurou três jovens “maluquinhos” da cidade, que lhe garantiram não terem medo de coisa alguma e convidou-os para uma sessão noturna na farmácia. Quando os rapazes chegaram, Sertuerner já estava com as doses prontas, metido, como um feiticeiro, entre aqueles filtros e frascos, mas a coragem dos moços fraquejava.

- Upa! exclamou um. Isto aqui não está me cheirando bem. Quero ar, ar……

O feiticeiro impediu-os de fugir.

- Não tenham medo de nada. Tudo está pronto, e teremos algo tremendamente excitante.

- Espere lá, Herr Sertuerner! Eu pensei que…

- Tolice. Não pense nada. Não há coisa nenhuma a temer. Também eu vou ingerir uma dose dos cristais mágicos. ( E por que não? pensou consigo. Posso acordar antes deles e a tempo de fazer minhas observações).

E tudo explicou claramente

- Vamos cada um de nós tomar uma pitadinha deste pó branco. Primeiro, dissolvo-o, assim, no álcool, estão vendo? Já dissolveu… E agora misturo água, para que não nos queime o estômago. Juro que não há perigo nenhum, dosezinha fraca, de meio grão. Olhem aqui. Meio grão para cada um, inclusive eu…

Os três pacientes, graves como sacerdotes oficiantes, tragaram as suas respectivas porções.

- Agora, disse Sertuerner, contem-me tudo que foram sentindo. Vamos, Otto. Não está assim um tanto não sei como?

- Sinto-me engraçado, respondeu Otto. O rosto, quente. Mas é bom, muito bom. Sinto-me deliciosamente bem…

Sertuerner tomou nota, e ficou a anotar tudo quanto via, sentia ou ouvia aos três pacientes. Foram Ficando eufóricos, com a respiração acelerada. Meia hora depois tomaram outra dose de meio grão.

Breve perdeu Otto aquele ar feliz. Seu rosto empalideceu. Os outros dos, Hermann e Karl, queixaram-se de dor de cabeça e recrescente topor. O próprio Sertuerner sentiu-se tonto, mas sorria e dizia que era assim mesmo, de modo a sossegar os rapazes. E quinze minutos depois tomaram a terceira dose, mais meio grão. Sobrevieram coisas. Otto estirou-se no chão e começou a roncar. Karl tentou manter-se de pé, mas caiu na cadeira subitamente tomado de sono. Hermann sentiu falta de espaço  e fez-se de rumo á porte, mas caiu antes de alcançá-la e estendeu-se no chão profundamente adormecido.

dormindo

- Notável murmurou Sertuerner. Eles caem, batem com a cabeça no chão e não dão sinal de dor, e cerrando o punho deu um murro na própria cabeça, e outro e outro, e quase nada sentiu.

Forçando por conservar os olhos abertos afim de tomar nota, Sertuerner sorri diante da confirmação das suas experiências com animais. Por fim, também caiu adormecido, e boiou em nuvens de sonho.

Baseado no livreto

Silverman, Milton – Magica em Garrafas – A História dos Grandes Medicamentos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os caminhos de Frederico Sertuerner

Frederico Sertuerner deixou Cramer em 1806 e mudou-se para a cidade próxima de Einbeck, no Hanover. Graças à ajuda do velho conseguiu colocar-se na farmácia local como assistente, resolvido, a limitar-se ao simples aviamento de receitas. O mundo havia lançado água gelada nos seus sonhos de farmácia. Mas a curiosidade não o deixou por muito tempo indiferente aos trabalhos de pesquisa. O problema da soda caustica o interessou, depois o da potassa, e depois o galvanismo, e lá recaiu ele no experimentalismo.

Fez novas pesquisas, mas como publicá-las? “Existe uma trama não apenas contra mim, mas contra todos os alemães. Não reconhecem o que fazemos, nem mesmo em nosso país”! E era verdade. A ciência alemã ainda não nascera. Não havia na Alemanha grandes laboratórios, nem grandes mestres de ciência. Os cientistas alemães eram deixados de lado; todas as honras eram para os franceses, ingleses e suecos.  

Desgostoso, abandou Sertuerner o estudo das drogas e começou a fazer canhões maiores e melhores, e a aperfeiçoar os explosivos para a luta contra Napoleão, o que lhe trouxe grandes honras. Mas eram honras que não o caminhohonravam, e por acidente voltou ao estudo do ópio. Certa noite acordou com terrível nevralgia. “Tudo cai em cima de mim!” gemeu ele, e ficou suportando aquela dor durante horas. Lá pela madrugada pulou da cama, foi ao laboratório, pesou uma dose do Principium somniferum trazido de Paderbon, misturou com xarope e bebeu dum só trago; e seguida voltou para a cama. “Se isto faz em  mim o efeito que fez no cachorro, daqui a pouco estarei dormindo”.

Sertuerner só despertou depois de oito horas de sono, e já livre da dor. Graças a esta experiência Sertuerner concluir que os cristais do sono eram inócuos para o organismo humano.

Baseado no livreto

Silverman, Milton – Magica em Garrafas – A História dos Grandes Medicamentos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Procurando a dose do somniferum

 

Meses se passaram Sertuerner estudava aquilo que a sua intuição ditava. Por fim descobriu uma coisa sem sentido, porém desnorteante: o que havia nos cristais era um álcali!

Nada de amônia alcalina que ele usara em seu processo extrativo. Era um álcali que devia existir incorporado ao ópio bruto, embora, de acordo com todos os livros da época, as plantas e os derivados das plantas não contivessem álcalis. Todos os livros, portanto, estavam errados.

E aquele novo composto, aquele álcali, produzia sono, como Sertuerner verificou em ratos, gatos e cães, experiências feita muito à socapa, porque Cramer não admitia a prova de substancias desconhecidas em animais. Certa noite, muito tarde, depois de todos recolhidos, Sertuerner tomou um pouco daqueles cristais, brancos, brilhantes, sem cheiro, e dissolveu-os em xarope pra disfarçar o gosto amargo. E obrigou um cão a engolir, depois de algum vacilar sobre a dose.

“Quanto dar?”  “Cinco grãos?”cão

A dose foi de cinco grãos; o cachorro dormiu dois dias e depois morreu. Dose muito alta. Sertuerner reduziu a dose pela metade, e um segundo cachorro também morreu em estado de coma. Dose muito alta ainda.

 

Novas experiências realizou com doses cada vez mais baixas, até que acertou o ponto. Conseguiu assim fazer que os animais caíssem no sono profundo  como o do ópio. Logo, aquele cristal branco era o que na massa parda de nome “ópio” fazia dormir. Era a qualquer coisa tão procurada!

E lá foi uma segunda comunicação para Trommsdorff: “Tive a felicidade de encontrar no ópio uma substancia até hoje totalmente desconhecida… Não é terra, nem glúten, nem resina o composto que descobri, mas algo inteiramente novo. Essa substância é o elemento narcótico específico do ópio….Principium somniferum

Do ópio, o pó cinza

Noites e noites o novo farmacêutico. ali com Cramer, realizava experiências novas, conforme as idéias lhe iam vindo. E assim foi até que uma dessas idéias deu resultado. Ao dissolver certa quantidade de ópio num ácido, processo simples que já usara meses antes, ele ponderou sobre o que sucederia se aquela solução ácida fosse neutralizada pela amônia alcalina.

Tomou o frasco de amônia e cuidadosamente despejo na solução de ópio, a qual se aqueceu, reação da amônia com o ácido, e depois esfriou. Súbito, como se um magico houvesse entrado em campo, a solução transparente se fez opaca: uma vegetação de cristais havia brotado no fundo do recipiente.

- O ópio é pardo  e estes cristais são cinzentos, observou Sertuerner. Logo estes cristais não são de ópio…

opio

Quem sabe? Quem sabe se não era aquilo a tal qualquer coisa que fazia cessar as dores?

Sertuerner tirou a prova, a qual resultou negativa.

- Não importa, aconselhou Cramer. A descoberta pode ter seu valor. Escreva uma comunicação científica e mande-a a alguém, ao professor Trommsdorff, por exemplo.

Sertuerner, então com vinte anos, ia começar a aparecer. Sentou-se à mesinha e escreveu uma simples carta ao grande Trommsdorff, da Universidade de Erfurt. Descreveu o novo corpo e terminou com escusas: “Não posso determinar se é algo novo ou algum composto já conhecido, porque minhas ocupações comerciais privam-me de mais amplos estudos. Mas acho que o assunto merece a atenção dos especialistas, em vista do grande papel do ópio na medicina…”

Trommsdorff riu-se. “Estes meninos parlapatões! Confundem brincadeiras de crianças com investigação científica”, mas apesar disso publicou a carta em seu jornal.

Nem Trommsdorff, nem Sertuerner, nem ninguém suspeitava da existência naqueles cristais cinzento duns cristais brancos que iriam operar a maior das revoluções na medicina.

domingo, 15 de agosto de 2010

Entre o sono e a dor

- Herr Cramer, disse ele, já ouviu falar da pequena Anna Wollenberg?

- A filinha de

- Frau Wollenberg? Que aconteceu?

- Oh, algo terrível. Estava brincando perto do fogão e a mãe derramou-lhe uma chaleira de água fervendo em cima. Queimou-se toda, a coitadinha, na cara, nos ombros, nos braços. Passou a noite inteira gritando de dor, e isso é horrível.

- Deus do Céu! exclamou Cramer. E não chamaram o médico?

- Oh, sim , o Dr. Schimidt esteve lá e deu-lhe ópio, muito ópio, mas de nada adiantou.

- Não fez efeito?

- Nenhum, Herr Cramer. O Dr. Schmidt diz que com certeza nos aqui  erramos – demos qualquer outra coisa em vez de ópio.

O queixo de Cramer caiu.

- Impossível! Eu mesmo aviei a receita, disse em seguida. Lembro-me de haver descido da prateleira o frasco de ópio. Não pode haver engano. Oh… aí vem o médico. Espere. Deixe-me falar com ele.

Mortalmente cansado e sombrio, os olhos vermelhos por falta de sono, o doutor foi entrando.

- Frederico acaba de contar-me o caso lá da menina, disse Cramer depois da troca do bom dia. Horrível! Mas quanto ao ópio posso assegurar que não houve engano nenhum. Eu mesmo aviei a receita…

- Eu sei,interrompeu o doutor, mas ha qualquer coisa errada aí e hei de descobrir.

- Mas eu…

- Escute. O ano passado você me vendeu ópio para Herr Weiss e o coitado padeceu mais com a droga do que com a gota. Três meses depois, o ópio daqui quase matou a criada do Bergmann – deixou-o inconsciente três dias. E agora esta cataplasma de ópio que apliquei na pequena Anna fez o mesmo efeito que nada. Cramer, não estou acusando você, mas o seu ópio não presta. Não posso mais confiar nele.

- Eu sei porque é, murmurou uma voz.

Os dois homens voltaram-se e deram com o jovem Setuernerpapaver Botaão de pé na porta. O médico, irritado, fez-lhe um gesto de arreda.

- Cuide de sua vida. Isto não é da sua repartição.

Depois que o médico saiu, Cramer chamou o aprendiz

- Frederico, que quis dizer com aquilo?

Sertuerner tomou o frasco de ópio da prateleira, sacou a rolha e derramou sobre a mesa um montinho de pó, perguntando:

- Que é isto, Herr Cramer?

- Ora que é isso! Ópio, está claro.

- Puro?

- Certamente que puro, o mais puro que há. Mas estou compreendendo o alcance da sua pergunta, Frederico. Quimicamente não é puro. É uma mistura de coisas. Há aí vários óleos e sais, e talvez alguns ácidos e ainda mais coisas.

- Acha que todas estas coisas são necessárias ao ópio para que ele revele as suas propriedades dormitivas e aliviadoras da dor?

- Ignoro-o, Frederico. Não sei. Não sei. Que é que você pensa?

- Penso, Herr Cramer, que nesta salada de coisas de nome ópio, uma só faz efeito, as outras são enchimentos. Logo, se uma cataplasma de ópio não produz efeito, é que não há nela bastante dessa coisa essencial. E se a dose de ópio é forte demais, isso quer dizer que há nela excesso dessa coisa essencial.

Cramer aprovou de cabeça, lentamente, e o rapaz prosseguiu:

- Muito bem. Se pudermos extrair essa coisa essencial e por fora o resto, ficaremos só com o que importa. Ficaremos com a coisa pura. Poderemos então pesá-la e com maior precisão usar de modo a obter os efeitos máximos sem cair na dose que prejudica o doente.

Cuidadosamente Cramer fez voltar ao frasco os grãos de ópio derramados sobre a mesa, espanejou as mãos e olhou para o aprendiz.

- Escute, Frederico, disse ele por fim. Talvez eu saiba o que você está querendo dizer. Talvez não saiba. Você falou na existência de qualquer coisa neste ópio. Como sabe que há qualquer coisa? Já a viu? Já a tocou? Já a provou? Não.Ninguém nunca fez isso. Ninguém nunca extraiu qualquer coisa de droga nenhuma, nunca!

- E não poderíamos tentar, Herr Cramer?

- Não. Eu não vou  me meter nisso. Escute, ainda que haja essa qualquer coisa, não sabemos como descobri-la. Se existe, levará anos para ser descoberta. E ademais, este meu laboratório só serve para pequenas experiências como as que temos feito, não para uma dessas. Muito perigoso e não sei por que não gosto. E o velho boticário colocou o vidro de ópio de volta no lugar. “ Mas se por acaso Herr Sertuerner pensa de modo diferente e está disposto a fazer os estudos á noite; das seis às dez, poderá utilizar-se daquele ópio ali da  última prateleira do depósito…”

sábado, 14 de agosto de 2010

O Aprendiz e a Farmácia (1)

O velho tio Cramer gemeu ao recolocar o grande frasco de canfora na prateleira.

- Esta ficando velho, Cramer! observou o Dr. Schmidt.

Precisa tomar um ajudante.

- Sim, murmurou Cramer passando os dedos pela testa suada. Muito velho sim. Já resolvi isso.

Amanhã começa a trabalhar aqui um rapaz.

- Ótimo. Quem é?

- O Frederiquinho, lá do Sertuerner – você conhece.

Combinei tudo com sua mãe ontem.

O Dr. Schmidt torceu o nariz.

- Aquele? que grande negocio você inventou! Donde veio essa trágica idéia, Cramer? Você precisa aqui um ajudante, entende? de quem trabalhe, e arranja um paspalhão que vive no mundo da lua! Vai arrepender-se da escolha, tome nota…

Cramer fez cara de concordar.

- Sei, sei que é um inútil, mas a mãe está muito necessitada. O pai morreu, o dinheiro foi-se e a casa pulula de crianças. Vem para cá o Frederico…. e havemos de nos arranjar.

E foi assim que em 1799 Frederico Wilhelm Sertuerner começou uma aprendizagem de quatro anos de farmácia eral da pequena cidade alemã de Paderborn.

-Bom, e agora, Frederico, disse Cramer, vamos tomar a coisa a sério e trabalhar, não é assim?

- Não é.

- Oh! Como me responde dessa maneira? Explique-se.

- Eu não quero ser farmacêutico

- Muito bem. E que quer ser então?

- Engenheiro.

- Sim, engenheiro como seu pobre pai, murmurou Cramer com simpatia. Quer construir pontes, não é? E abrir estradas, levantar fontes. Bem, bem, bem. Aqui na farmácia não temos pontes a construir, mas há muitas outras coisas interessantes. Creio que vamos nos divertir muito, meu rapaz.

- Não quero.

Cramer encrespou.

- Pois eu quero! E vai começar já. Pegue na vassoura e vara o chão, ordenou o boticário com voz determinada – e saiu dali a rosnar: Pontes, pontes! Belo serviço. Pontes… atropelar o velho Cramer até ser corrido dali. Desse modo punha fim àquele aprendizado e, então, engenharia! Mas o rapaz ignorava com quem se metera.

Dois penosos e desagradáveis meses se passara, até que um dia, lá dos fundos, Cramer o chamou.

O rapaz foi

- Frederico, disse o velho, estou numa grande atrapalhação. Veja: esta peça entortou. A chama não dá onde é preciso. Será você capaz de endireitar isto?

Sertuerner inclinou-se, mexeu aqui e ali, virou, revirou e por fim disse:

- Não está nada estragado. O que o senhor tem de fazer é erguer esta peça cá, assim, e depois fazer que a pressão se escape aqui, assim…

- Então acha que pode arrumar o aparelho?

- Claro, senhor Cramer. Em minutos deixarei a coisa funcionando.

Cramer, deixou-o a lidar naquilo e saiu a sorrir de tanta segurança. Mas a rapaz cumpriu o que dissera. Na semana seguinte quebrou-se um filtro grande e igualmente Frederico o reparou. Logo depois arrumou o almofariz, e quando Cramer achou que a botica necessitava dum melhor destilador, foi Frederico quem o construiu.

- Meu Deus! exclamou Cramer. Nunca supus que você fosse tão habilidoso, Frederico.

- Oh, senhor Cramer, isto não é nada. Deixe aparecer alguma coisa mais seria em que eu possa mostrar-me.

Sob a hábil conduta de Herr Cramer o jovem aprendiz nem sequer suspeitava do que vinha sucedendo. Ele consertava a balança – e aprendia a pesar drogas. Arrumava sob um novo plano as prateleiras, e decorava a longa lista dos nomes das drogas. E aprendia a servir os fregueses,a aviar receitas, e mesmo a tagarelar mexericos do dia e debater pontos teológicos com o padre local. Chegou até a arrasar aquele louco Napoleão que reinava na França, numa cavaqueira com o burgomestre.

- O que não posso entender, disse Frederico a sua mãe, é como antigamente Herr Cramer pode arranjar-se sem mi.

Não. Frederico não conhecia aquele velho. Depois que Cramer viu o aprendiz Familiarizado com as tarefas triviais, planejou coisas mais altas.

- Amanhã, Frederico, quero que me ajude num negocio. Estou vendo se descubro o meio de medir o teor de acido benzóico da tintura de funcho. Tem alguma idéia e respeito?…

- Claro que tenho, Herr Cramer. Não ignoro o que é preciso fazer. Esta tarde mesmo cuidarei disso.

E depois da tintura de funcho veio o estudo do borax, e de noz de galha, e do carvão animal, e de tanino, e da porcentagem de salitre na beterraba. Cramer apanhava essas idéias no ar, como moscas. Era o começo da pesquisa de laboratório, coisa que Cramer nunca fizera antes. E não a estava agora – apenas a sugeria a Frederico e desse modo o punha no trabalho. E foi assim até que certa manhã o próprio Frederico propôs uma pesquisa.