domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Triste História da Flora Fluminense

Almanak Agrícola Brasileiro 1922

Existindo na Biblioteca pública o Rio de Janeiro o manuscrito da Flora Fluminenses, acabado em 1790, por Frei José Mariano da Conceição Veloso, religioso Franciscano, natural de Minas Gerais, nascido em 1742, pertencente ao convento de Sano Antônio do Rio de Janeiro, onde faleceu no dia 14 de junho de 1811, jaz sepultado em urnas das carneiras do claustro do seu convento, em cuja obra colaboram Freimss1095062_109 001 Francisco Solano, Frei Antônio de Santa Ignez, Francisco Manoel da Silva Mello, José Corrêa Rangel, José Aniceto Rangel, João Francisco Xavier, Joaquim de Souza Marcos, Firmino José do Amaral, José Gonçalves e Antônio Alvares, habilíssimo pintor, aconteceu que tomando conta da Biblioteca pública do Rio de Janeiro, Frei Antônio de Arrabida, mestre e valido do primeiro Imperador, encontrasse ali, o precioso manuscrito da Flora Fluminense, mandado fazer pelo benemérito vice-rei Luiz de Vasconcellos e Souza, depois visconde de Figueiró, que se empenhava, pelo engrandecimento e esplendor da capital do Rio de Janeiro;o qual emprestou ao sábio religioso e naturalista brasileiro, todos os auxílios, para que terminasse tão grandiosa obra.

Francisco Antônio de Arrabida, entusiasmado por ter achado o preciosos manuscrito tão gabado pelo sábios, que julgava perdido depois de o ler e corrigir, e confiá-lo a revisão do sábio Dr. João da Silveira Caldeira conheceu completo, quanto as estampas; porém viu que lhe faltavam algumas descrições; mas não obstante reconhecendo que era digno de publicidade, pela importância do assunto, e bem acabado do trabalho; aconselhou ao governo imperial, de mandar imprimir a obra; e muito se empenhou, para que ela aparecesse como desejava; mandando-se a Paris os desenhos, para serem litografados na oficina de Lasteyrie, como a mais conceituada do tempo. Enquanto se aprontavam as estampas, Fr. Antônio de Arrabida, depois bispo de Anemuria, fazia imprimir na Tipographia Nacional, o texto latino em 1825. O que não resta dúvida, é que, se mandando as estampas para França, deu-se começo em Paris ao trabalho da gravura, montando-se ali, uma repartição, onde o Estado despendeu um milhão de cruzados, afim de divulgar o precioso monumento, que tanta gloria nos dava.

Acabada a obra, consta que mandaram ao Rio de Janeiro 500 exemplares; ficando em Paris 1.500; os quais, não sendo reclamados, foram entregues, não sei a quem, e dos quais salvaram-se algumas coleções; e por fim, se reconhecendo que essas estampas não eram mais procuradas, foram vendidas ou dadas, ao chapeleiro que fornecia barretinas, para o exército Frances, o qual forrou com as estampas, as que estava fazendo para os soldados do exército.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Sapucainha e suas propriedades medicinais

Almanaque Agrícola Brasileiro, 1922 – Waldemar Peckolt

As “amêndoas”, têm sabor que lembra o das nozes, podem ser comidas cruas, assadas ou cozidas, prestando-se também para a confecção de doces saborosos, por processo igual aos das nozes e amêndoas. Uma vez cultivadas intensivamente, a produção d suas sementes, pode ser utilizada para auxiliar a alimentação dos suínos e a sua engorda , por ser ótimo alimento de poupança e reserva, além de seu sabor agradável; a outros animais pode também ser distribuída.

Dizem os sertanejos e “curiosos”, que aos cavalos e ao gado, essas sementes dão brilho ao pelo , expelem os vermes intestinais, purga-os, segundo a dose, e , curam os cursos diarreicos. Aos cães é usado em fricção no tratamento da sana, e , internamente, com as sementes socadas cura as “câimbras do sangue”.Sapucainha1

A Sapucainha fornecem alguns contingentes para a medicina popular: as suas cascas, são usada como adstringente, sob a forma de cozimento e infusão, no tratamento das diarreias; as suas folhas, em chá ou infusão, na dose de 3 a 4 xícaras por dia, são usadas como tônicas cardíacas e diuréticas. O seu fruto é aparte mais utilizada; as sementes ou amêndoas, cruas, constituem um purgativo, suave e catártico, na dose de 3 a 4 inteiras ou socadas, são tidas também como afrodisíacas.

O seu óleo, sucedâneo do óleo de amêndoas doce, é empregado com os mesmos fins, mas a sua ação purgativa, é suave e intensa, na dose de 30 a 60grs para os adultos e na dose de 10 a 40grs, para as crianças; externamente, ainda é usada em fricção no tratamento de algumas moléstias da pele; presta-se bem ao fabrico de sabonetes, considerados bastante úteis para amaciar e embelezar a pele; ainda ser na confecção de emplastos, cataplasmas e linimentos, como resolutivo, ou em substituição ao óleo de amêndoas doce. Esse óleo é obtido por expressão das sementes, com o fim de lubrificar os cabelos.

O perisperma que envolve as amêndoas, é amargo e tânico; a sua tintura ou alcolatura é usada frugalmente, e muitas vezes associados as sementes inteiras, no tratamento das disenterias, diarreias acompanhadas de sangue, nos catarros intestinais agudos e crônicos; nas moléstias do fígado favorecendo o fluxo biliar; em algumas hemorragias, nos enfartamentos ganglionares e dizem os “mesinheiros”, que também, em algumas moléstias do coração. Este fato precisa de observação apurada, que pretendemos fazer.

A cuia ou caçamba da Sapucainha é também usada pelo vulgo e “mesinheiros”, com fins medicinais, pois dizem que a “água dormida”, nesta caçamba e tomada em jejum, cura as prisões rebeldes do ventre, servindo também para as moléstias do estomago, o que é explicável, pelo simples fato de prestar-se a este fim, a água pura, tomada em jejum.

A crendice popular aconselha ainda o uso daquela “água”, para amaciar a pele e tirar as manchas da sarda, o que afinal não passa de um empirismo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Sapucainha e suas propriedades

Almanaque Agrícola Brasileiro – 1922 - Waldemar Peckolt

Dentre as árvores completas, isto é, cujos elementos são todos aproveitáveis, cresce em nossas florestas a Sapucaia, árvore brasileira que por si só reúne diversas e diferentes propriedades; ela presta reais serviços à indústria, à medicina, ou simplesmente aos usos domésticos rudimentares. Esta Leythidacea, outrora incluída no grupo das Myrtaceas, conserva ainda o seu gênero Lecythis, dele fazendo parte, grande número de espécies brasileiras, que habitam em estado silvestre, as nossas florestas e matas, e conhecidas vulgarmente por Sapucaia.Sapucaia arvore

Sapucaia ou Sapukaiá, origina-se por corruptela do aborígene Sopia-aiacá, passando a Jaca-pucaya,chegando posteriormente a Sapucaya, ou simplesmente Sapucaia, ainda chamada Sabucaia; mas cuja significado indígena, é a mesma expressa no gênero dessas plantas, “cumbuca”, “fruto de cumbuca”. O seu nome genérico, igualmente explica o feitio de seu fruto, Lecythis, origina-se do grego, e significa “frasco”, “vaso”, adaptação perfeita de um dos seus caracteres morfológicos.

Essas árvores, são ainda conhecidas vulgarmente, por “Cumbuca de macaco”, “Cumbuca do mato”, “Marmita de macaco”, “Árvore de caçamba”, “Caçamba do mato”.

A Sapucaia, ou melhor as Sapucaias, pois numerosas são as suas espécies, apresentam todas, propriedades análogas, com significante variedade, sendo muito estimada como árvore de real utilidade; o seu cerne é considerado “madeira de lei”; as suas cascas, fornecem abundante fibras têxteis; o líber que é papiraceo, presta-se no interior, a suprir, em sua falta, a palha de milho para a confecção de cigarros; o fruto, todo ele é aproveitável; a “caçamba” serve de marmita, copo ou vaso, além de certas particularidades; a sua polpa é comestível e medicinal; as suas sementes, de ótimo paladar, prestam-se a extração do óleo, para usos industriais e culinários, além de medicinai; como alimentoSapucaia de regalo, ou de poupança são muito apreciadas; as suas folhas, reduzidas á cinzas, formam um bom adubo, sendo ainda medicinais, as raízes gozam de fama de medicina mezinhe- ira.

Vemos pois, quão útil é esta árvore que jaz abandonada em estado nativo anseio das nossas florestas, encerrado consigo o segredo da sua imensa fortuna!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Plantando Mate

Almanaque Agrícola Brasileiro – 1921-Peckolt Gustavo

Logo que a planta atinge a altura de 15 cm, mais ou menos, é transplantada para um terreno ligeiramente úmido, distante os pés uns dos outros três a quatro metros, sempre cuidadosamente resguardados dos raios solares e abrigados sob outras árvores. Estas plantas requerem,para o seu desenvolvimento, clima temperado e desde que cheguem a atingir dois metros de altura, se libertam da proteção das outras árvores que se resguardavam do sol, até este ponto.

Com quatro anos o mate já fornece boa colheita, mas deve , com tudo evitar-se a apanha total das folhas; e das que estão situadas na parte central da planta, ao fim de janeiro, já se pode obter, de cada exemplar, 30 a 40 quilos de folhas.

A planta cultivada não alcança geralmente tão elevada altura quanto a que cresce nas florestas.Erva Fina

A boa qualidade do mate depende da época da sua colheita, e, por consequência, há necessidade de se fazer a colheita quando seus frutos estiverem quase maduros.

Na Argentina e no Rio Grande do Sul se faz a colheita das folhas depois do mês de fevereiro e, geralmente até os fins de julho.

Nos ervais do Paraná e de Santa Catarina , a colheita é feita de 10 de janeiro a 15 de setembro, e , no Paraguai, de março a setembro.

Para obter boa colheita, é necessário que as folhas não estejam molhadas e, por isso, é preciso colher entre 9 e 5hs da tarde, quando o sol está de fora.

Nos lugares onde o mate é muito  comum nas florestas, os seus coletores ou tarefeiros, partem um mês antes da colheita, em caravanas, com suas famílias para o sertão; aí arrumam suas barracas e entregam-se à colheita do mate. Feita esta geralmente, passam sobre o fogo os galhos e pequenos ramos, que são enfeixados e depois suspensos, num tirador armado entre dois troncos de árvores entre os quais se conserva um fogo brando, mantido sempre com galhos secos e folhas de palmeia. Esta operação dura dois dias, ao fim dos quais a secagem está completa. Apagam, então, o fogo e estendem sobre as cinzas um couro de boi, em cima do qual despejam as folhas do mate as quais são separadas dos galhos pela batida com varas.

Em certos lugares, no Estado do Paraná, costumam secar as folhas do mate em grande tachos de ferro, como fazem com o chá da índia, ou também em fornos, ou aparelhos especiais, afim de que o mate não perca o aroma desenvolvido de suas folhas, pela ação do calor.

Essas folhas assim preparadas, são partidas em pedaços pequenos, ou reduzidas a pó, pela ação de máquinas e assim coloca-se o produto para consumo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Cultivando Mate

, Peckolt, Gustavo Herva Matte (Monografia Original para o Almanaque Agrícola Brasileiro 1921)

Os cultivadores de mate aconselham de distinção entre sementes perfeitas e aptas a germinar, das sementes inúteis, o seguinte processo: Desprovidas as sementes da parte mucilaginosa, que a envolve, coloca-las dentro de um vaso com água morna para permanecer algumas horas: acontece que as sementes imprestáveis subirão à tona d´água e as boas, isto é, as aptas para a cultura, permanecerão repousadas no fundo do vaso.

A planta que vulgarmente denominamos mate pertence ao gênero Ilex, o qual compreende também espécies descritas pelos Drs Reisseck e Th Loesener, na monografia das Aquifoliáceas.

Outrora o gênero Ilex criado por Linneu foi incluído pelo botânico suíço A. Pyramus de Candolle, na divisão das Aquifoliáceas e mais tarde inserta na família das Ilicínea, pelo eminente botânico Brongniart.

O Dr. Theodoro Loesener, em 1891 procurou reunir todos os vegetais desta família sob a denominação de Aquifoliáceas de De Candolle; porém em 1896, foi a família definitivamente estabelecida entre as plantas do gênero Ilex pelo botânico Al. Kronfeld, que a descreveu na obra de Engler e Pranth.Ilex paraguaensis

A planta brasileira pertencente a esta família e a mais vulgarmente conhecida, foi determinada, em 1822, pelo famoso botânico francês H. de Saint-Hilaire, que obtendo um exemplar procedente do Paraguai, o escreveu com o nome de Ilex paraguaiensis.

Posteriormente este botânico, estudando as plantas que colheu no Estado do Paraná, encontrou alguns Ilex com pequena divergência do exemplar procedente do Paraguai e classificou então a original do Estado do Paraná com o nome de Ilex mate.

Em 1893 o botânico Dr S. Reisseck, revendo a família das Ilicínea, por ele descrita na Flora Brasiliensis de Martius, conservou a primeira classificação Ilex paraguariensis, dada por H. de Saint-Hilaire.

Em 1824, o botânico D. Don, recebendo alguns exemplares do mate cultivado pelos jesuítas, classificou-o igualmente com o nome de Ilex paraguariensis, espécie esta que concorda virtualmente com a sua derivação, e que foi aceita pela maioria dos botânicos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Mate sua germinação e os Jesuítas

Gustavo Peckolt, Monografia da Erva Mate , Almanaque Agrícola Brasileiro 1921

A divulgação do mate foi em grande parte devida aos jesuítas que, procurando aperfeiçoar o preparo da sua infusão, espalharam o seu uso, por isso que o levavam a sede das suas missões.

O produto utilizado por eles foi primeiramente colhido em estado silvestre e que crescia abundantemente nos territórios que ocupavam: e os jesuítas, pelo espirito observador que possuíam, chegaram a conclusão que a cultura desta planta, além de ser uma boa fonte de riqueza, era realmente útil pelo grande emprego que possuía a infusão de suas folhas como bom excitante das forças e também como um meio proveitoso de evitar o abuso do álcool entre os selvícolas.Flor de Erva Mate

Esses missionários, para o desenvolvimento da cultura do mate utilizavam-se dos serviços dos índios já domesticados, os quais recebiam em troca do seu trabalho além de alimento e fumo, o próprio mate preparado pelos jesuítas.

Conseguiram realmente uma grande prosperidade da cultura desta planta, principalmente porque conheciam o método de germinação das sementes, e notaram que o mate cultivado se tornava superior ao silvestre, não só em sabor, que ficava menos amargo, como em aroma, que passava a ser mais suave.

Acreditavam os jesuítas que germinação de sementes só se efetuava depois de terem passado estas pelos intestinos dos pássaros, engano, que perdurou por muito tempo entre os que tentavam o cultivo desta planta, pois que não conseguiram a germinação da maioria das sementes.

Este erro porém se desfez, uma vez provado que a causa única da falta de germinação das sementes, na maioria dos casos, era devida a ausência de frutificação, por isso que as flores do Ilex na maior parte das vezes são dioicas por abortamento dos estames ou do pistilo. Isto se corrige polinizando artificialmente as suas folhes fêmeas, tal como se procede indiretamente na cultura da tamareira, e assim se conseguem sementes, perfeitamente aptas para a germinação.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Herva Matte - II

Gustavo Peckolt, Monografia no Almanaque Agrícola Brasileiro, 1921

Nos ervais do Paraná e de Santa Catarina , existem duas qualidades de mate , o do talo branco e o mate de talo roxo, os quais se diferenciam entre i, pelo aspecto de seu pecíolo, arroxeado ou verde pálido.

No Paraguai encontra-se mate em abundancia , em estado silvestre; pois ai vimos grandes ervais , que representam para este país preciosa fonte de riqueza, tal qual acontece com relação aos Estados do Paraná e Riomate e cheleira Grande do Sul.

Nestes dois últimos estados, nos quais existe grande quantidade de ervais, não só a colheita se faz de modo simples, como também a preparação da erva se pratica de maneira simples, como também a preparação da erva se pratica de maneira singela. A colheita custa aos coletores o só trabalho de retirar as folhas e os ramos novos da planta. Feito isto, as folhas e ramos são submetidos a um processo especial que consiste em seca-las ao calor para em seguida entregar a erva ao consumo.

O mate é conhecido na república de origem espanhola pelo nome de “hierba” ou “hierva de palos” e, em outros lugares, pela denominação de Chá do Paraguai, Chá das missões, Chá dos Jesuítas e Congonha.

A significação do nome mate tem a sua origem, segundo alguns autores, na cuia onde é comumente preparado e a sua infusão,e os espanhóis chamaram de mate.  Os franceses, igualmente, o conheciam por este nome e semelhante denominação espalhou-se entre a maioria dos europeus; pois foi o nome mate aplicado ao produto conhecido do comércio brasileiro. Julgamos que mate se originou da denominação vulga “erva do mato”, usada pelos primeiros colonos, pela corruptela de erva do mato em erva mate e, com a queda do primeiro elemento, ficou mate.

Com respeito ao vocabulário Congonha pelo qual é denominado o mate em Minas e São Paulo, a origem é corruptela da palavra indígena Kongonha. Nestes dois estados não só se dá este nome ao mate como também o aplicam a alguma espécies de Ilex e a outras plantas do gênero e família diferentes da que pertence ao mate.

O uso do mate foi espalhado pelos selvagens entre os habitantes das regiões onde é nativo, e daí se propagou ao meio civilizado, que abrange uma grande parte da zona tropical da América do Sul.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Herva Matte , 1921

O Matte, planta indígena da zona temperada da América do Sul, cresce entre 18 e 30º de latitude sul, com especialidade entre 21 e 34º, que é a região mais favorável ao seu desenvolvimento, e principalmente na zona compreendida entre Paraná, Mato Grosso e Paraguai, região que a partir da Cordilheira de Amanbaí, vaI  até ao norte da Serra de Maracajú. O mate que nasce nesta zona é considerado como o de melhor qualidade, e se desenvolve muito mais facilmente nas fralErva_Matedas das montanhas e margens dos regatos.

Salientam-se, dentre os Estados do Brasil, onde se acha a planta conhecida pelo nome de mate os Estados do Sul, particularmente o Estado do paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em Mato Grosso, nas margens do rio Guaporé, no município de Miranda e nos campos de Nioac também existe mate.

O emprego do mate é conhecido, desde tempos remotos, pelos habitantes das regiões sul americanas, os quais dele faziam uso ora em mastigatório, ora como bebida.

Nas descrições sobre as riquezas do Brasil, feitas pelos seus descobridores, não se encontra menção alguma tocante a esta planta , entretanto o mate era já bastante usado pelos Incas, no Peru, como o comprovam os fatos: 1º de ser encontrado junto com utensílios domésticos, próprio ao seu uso; 2º existir ao lado das armas de guerra; 3º finalmente o haverem deparado nos túmulos de Ancon, perto de Lima.

Data de muito tempo o suo que faziam os índios Guarani de uma planta por eles denominada Kaá-mi, Kaá, erva excelente.

Usam-nas estes índios por manter-lhes as forças nas suas longas caminhadas e, bem assim, para resistir á fome. Entregavam-na, também, quando partiam para a caça ou pesca, nos lugares alagadiços por servi-lhes de preservativo contra febres palustres.grandes esforços.

Com este fim, os selvícolas mascavam as folhas da planta Kaá-mi, preparadas, por um processo especial, que conheciam, e da infusão da mesma faziam uso os Guaranis, quando se aplicavam a trabalhos que demandavam grandes esforços.

Os espanhóis, ao tempo das conquistas territoriais, viram-se obrigados a internar-se nas florestas do Paraguai e do Uruguai, por causa da perseguição que mantinham contra os índios; e, por esse tempo notaram que estes, no intento de suportar as longas caminhadas, faziam uso de uma planta especial, que, segundo apontamentos publicados pelo capitão de fragata Don Felix de Azara, era a Kaá.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os Herbários do Período Medieval

Depois da queda do Império Romano , durante a Idade Média, a medicina se refugiou nos mosteiro, que ofereciam asilo seguro e tranquilo, propício para o estudo e a meditação; representantes de Cristo na terra, os padres da nova religião encamparam a função de curar e sucedem os seus precursores os sacerdotes pagãos. Assim nasce, a medicina laica e a medicina eclesiástica, na qual o simples uso das plantas medicinais já a colocava no rol de extrema importância.

Na Itália, e por toda Europa, florescem os conventos de monges que cultivam as plantas divinas que darão saúde aos homens que sofrem.

Estamos falando do ano 529, quando é fundado a ordem de São Benito do famoso convento de Monte Cassino, que até o florescimento da escola copistamédica de Salerno, constituiria um ativo foco de estudos médicos e botânicos. Esta é a época de Casiodoro, que que foi ministro do grande Teodorico e precursor de Carlo Magno na institucionalização da escola pública, e se retirava par a vida monástica e recomendava aos seus monges de Squilache, a leitura do livro das ervas de Dioscórides e o estudo das virtudes curativas dos simples, tratando o mesmo tempo de dignificar os estudos médicos quando dizia:" “Entre as artes mais úteis, destinadas a sustentar a indigência e a fragilidade do corpo, nenhuma pode ser considerada superior, nem ao menos igual, a medicina, que assiste com benevolência material aos doentes em perigo e cura nossas dores e cura aqueles que nem as riquezas nem as honras são capazes de curar.” Ao mesmo tempo nos conventos de verde Erin se estudava os textos clássicos e já chegava o fim do século VI empreendem os monges irlandeses grandes viagens por todo o continente com o propósito de implantar as novas ordens e a rígida disciplina que se praticava na velha Irlanda; assim são fundados na Alemanha no século VIII por São Columbano e seus discípulos, nos conventos de San Gall e de Fulda, e na Itália de Bobbio, vizinho a Pavia, nos menos afamados que os de Monte Cassino como centro de estudos médicos. Do jardim medicinal a enfermaria do convento de São Gall, no ano de 820, ficou uma descrição cheia de detalhes entre estes detalhes a descrição de uma enfermaria que cuidava de seis pacientes ao mesmo tempo. Havia casa para o médico, depósito de farmácia e um jardim onde se cultivavam inte e duas plantas medicinais, como a salvia, o lírio, o ópio silvestre, a agrimonia entre outras.

Desta época e destes conventos conhecemos os poemas sobre as plantas medicinais: O Hortulus de Wahlafrio Strabo. Abdal do convento de Fulda, e o livro das Virtudes das Plantas. De todos os manuscritos do período medieval o mais famoso é o Herbarius de Apuleus Barbarus.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Extrato Fluidos Silva Araújo –Agoniada

 

Plumeria lancifoliata Müll e Willd- Apocynea -

Árvore que abunda na Serra do Mar, de madeira rija e às vezes de caule volumoso prestado-se a construção de caixas.

Parte Usada: Casca e folhas, sobretudo aquelas, cuja cor é vermelha e se enroscam quando secas.

Propriedade Terapêuticas: As cascas de agoniacascas e floresda são muito usadas, como purgativo, tendo ação especial nas linfatites, adenites, escrófulas e ingurgitamentos ganglionares.

A ação purgativa da Agoniada é aproveitada nas dermatoses simples e nas congestões uterinas, dismenorreias, etc…

Análises químicas revelaram a existência de um alcaloide na agoniada, que foi denominado agoniadina. Este alcaloide foi empregado na dose de 10 a 25 centigramas contra o plasmódio de Laveran.

Esta planta constitui um magnifico terapêutico. Deve ser experimentada pelos médicos.

Martius, na sua Flora Brasiliensis descreve esta planta como medicamento popular, de ação poderosa nas afecções histéricas, na clorose, nas mestruações difíceis, irregulares e dolorosas e nas febres intermitentes.

Sendo planta excessivamente amarga, e de vantagem nas atonias gastro-intestinais e nos catarros crônicos.

Também aplicado na asma, e seu nome vem justamente desta ação especial, aliviando os asmáticos da respiração difícil e dispneia, constituindo uma verdadeira agonia.

Empegam-se as casas que, secas, se enrolam formando tubos.

O extrato fluido pode ser usado até 5grs em um veículo qualquer, nas adenites, e como purgativo na dose de 10grs.

Empregada com resultado nas inflamações do útero e ovário, nas cólicas de menstruação e na suspensão menstrual. Aconselha-se nas metrites, endometrites e corrimentos.

Extrato Fluido: Dose: extrato fluído, a melhor forma para ser empregada a agoniada, deve ser usada na dose de 15c.c. em água diariamente e dividido em 3 porções, nas linfagites, adenites agudas e bubões, e na dose de 20 a 30c.c. como purgativo, nas erupções da pele, congestões da mucosa uterina, mestruação irregular.

Bibliografia: Catálogo de Extratos Fluidos Silva Araújo, pág7