quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Descobrindo a Injeção de Morfina

O inglês Dr Alexandre Wood estava preocupado em melhorar o sistema de colocar morfina no organismo e desenvolveu a injeção hipodérmica. Com a maior facilidade possível injetar uma dose de morfina na pele, de modo a aliviar o paciente torturado pela dor em segundos. Por causa desta descoberta o Dr Wood teve os aplausos de todo o mundo científico do final do século XIX. Porém, a revanche do medicamento sobre o descobridor do método não tardou e sua esposa tornou-se a primeira morfinomaniaca da longa série criada pelo método do Dr. Wood.

O vício era um ponto que os mais brilhantes químicos e os mais engenhosos médicos não haviam considerado. A morfina era uma droga de dois gumes. Os antigos chineses podiam ter-lhes feito essa revelação, porque já de séculos olhavam para o ópio com a maior clareza de vistas. Os chineses costuma dizer: “Embora seus efeitos sejam rápidos, muitas cautelas o ópio requer, porque o ópio mata como uma faca”.injecao

A trágica morte da senhora Wood em consequência do vicio da morfina devia ter sido um aviso, mas não foi. Além disso, por uma razão que não podemos alcançar, os médicos da época se convenceram de que a agulha de injeção era o meio de proteger seus clientes do que eles chamavam o “apetite pela morfina”.

“Dar morfina pela boca”, diziam eles, “é procurar complicações. Temos de esperar muito tempo para que o efeito analgésico se produza. Nunca sabemos que quantidade devemos prescrever, porque os pacientes são diferentes entre si. E, além disso, a morfina dada por via oral não só é desagradável como desperta o “apetite”. Mas se a ministramos por meio da agulha do Dr. Wood, tudo muda. Sabemos que quantidade exata convém dar, obtemos resultados imediatos e nunca criamos o hábito”

Primor de observação científica! E os médicos foram além: “Vício da Morfina? Tolice! Equivale ao vicio alcoólico ou ao do café”.

E desse modo, acariciada com as bênçãos de grandes médicos, a morfina foi usada e abusada, a menor dor de dentes vinha logo uma injeção de morfina. Era no tempo da Guerra Civil na América, e os médicos de campanha abusavam da droga. Ninguém pensava na agonia que se segue a cessação do efeito da morfina, e ministravam outra dose.

Ao terminar a guerra o número dos viciados revelou-se grande, e os médicos da época, para evitar vai-e-vens, introduziram o sistema dos clientes terem em casa as seringas de injeção e se injetarem a si mesmos.

Mas nem todos os médicos se mostravam de tanta cegueira. Houve os que publicaram nos jornais de medicina advertências terríveis e pediram providencias aos legisladores. E quando essas Cassandras começaram a enfileirar fatos concretos e da maior eloqüência, todo o corpo médico as acompanhou.

Os legisladores moveram-se. Morfina? Ópio? Vício? Que querem que façamos?

Leis proibitivas, declararam os médicos. Controle do ópio e da morfina nos portos. A aplicação de tais drogas só deverá ser feita por meio de receita médica, e é preciso fiscalizar os médicos, de modo que só usem em último caso.

Era Tarde. Os médicos deviam ter acordado mais cedo. A indústria dos preparados medicinais já havia percebido aquele pendor do povo pela morfina. Então, surgiram atraentes remédios para resfriados, para a “condição pélvica da mulher”, para o câncer, os reumatismos, as nevralgias, as diarréias, o cólera, e até xaropes calmantes para as crianças. Os rótulos tinham o cuidado de não declarar que a base era sempre a morfina ou o ópio.

E vieram os remédios para combater o vicio da morfina, os quais também continham morfina ou outros derivados do ópio.

Em 1898 o Professor Heinrich Dreser, da Bayer, comunicou ao Congresso dos Naturalistas e Médicos Alemães a descoberta em seus laboratórios dum novo produto, parente da morfina, um produto, disse Dreser “que aliviava a dor tanto quanto a morfina”

- Tanto quanto a morfina? Se é assim que utilidade tem isso? Basta-nos a Morfina.

- Sim, afirmou Dreser, mas a minha droga não vicia. Ao ouvir essa afirmação, a assistência pôs-se de pé. Estava ali um grande descoberta! Evitar a dor, suprimir a dor, produzir sono e não viciar? Que maravilha! E podemos usar para curar o vicio da morfina, foi o pensamento geral dos médicos entusiasmados. “E que milagre é esse, Professor?”

- Quimicamente falando, é a di-acetil-morfina, mas como é nome muito complicado para o produto, batizamos de HEROÍNA.

Conclusão de estudos feitos comparativamente entre as drogas.

A Heronia é uma droga mais segura que a Morfina como a principio foi dito pelo Dr. Dreser. Porém, os relatórios de tratamento em pacientes declararam o contrário.

A toxidez da heroina, segundo todas as evidencias, é muito maior que a da morfina. Como droga viciante, provavelmente excede a tudo quanto se conhecia anteriormente”.

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