sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os caminhos de Frederico Sertuerner

Frederico Sertuerner deixou Cramer em 1806 e mudou-se para a cidade próxima de Einbeck, no Hanover. Graças à ajuda do velho conseguiu colocar-se na farmácia local como assistente, resolvido, a limitar-se ao simples aviamento de receitas. O mundo havia lançado água gelada nos seus sonhos de farmácia. Mas a curiosidade não o deixou por muito tempo indiferente aos trabalhos de pesquisa. O problema da soda caustica o interessou, depois o da potassa, e depois o galvanismo, e lá recaiu ele no experimentalismo.

Fez novas pesquisas, mas como publicá-las? “Existe uma trama não apenas contra mim, mas contra todos os alemães. Não reconhecem o que fazemos, nem mesmo em nosso país”! E era verdade. A ciência alemã ainda não nascera. Não havia na Alemanha grandes laboratórios, nem grandes mestres de ciência. Os cientistas alemães eram deixados de lado; todas as honras eram para os franceses, ingleses e suecos.  

Desgostoso, abandou Sertuerner o estudo das drogas e começou a fazer canhões maiores e melhores, e a aperfeiçoar os explosivos para a luta contra Napoleão, o que lhe trouxe grandes honras. Mas eram honras que não o caminhohonravam, e por acidente voltou ao estudo do ópio. Certa noite acordou com terrível nevralgia. “Tudo cai em cima de mim!” gemeu ele, e ficou suportando aquela dor durante horas. Lá pela madrugada pulou da cama, foi ao laboratório, pesou uma dose do Principium somniferum trazido de Paderbon, misturou com xarope e bebeu dum só trago; e seguida voltou para a cama. “Se isto faz em  mim o efeito que fez no cachorro, daqui a pouco estarei dormindo”.

Sertuerner só despertou depois de oito horas de sono, e já livre da dor. Graças a esta experiência Sertuerner concluir que os cristais do sono eram inócuos para o organismo humano.

Baseado no livreto

Silverman, Milton – Magica em Garrafas – A História dos Grandes Medicamentos.

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