segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Procurando a dose do somniferum

 

Meses se passaram Sertuerner estudava aquilo que a sua intuição ditava. Por fim descobriu uma coisa sem sentido, porém desnorteante: o que havia nos cristais era um álcali!

Nada de amônia alcalina que ele usara em seu processo extrativo. Era um álcali que devia existir incorporado ao ópio bruto, embora, de acordo com todos os livros da época, as plantas e os derivados das plantas não contivessem álcalis. Todos os livros, portanto, estavam errados.

E aquele novo composto, aquele álcali, produzia sono, como Sertuerner verificou em ratos, gatos e cães, experiências feita muito à socapa, porque Cramer não admitia a prova de substancias desconhecidas em animais. Certa noite, muito tarde, depois de todos recolhidos, Sertuerner tomou um pouco daqueles cristais, brancos, brilhantes, sem cheiro, e dissolveu-os em xarope pra disfarçar o gosto amargo. E obrigou um cão a engolir, depois de algum vacilar sobre a dose.

“Quanto dar?”  “Cinco grãos?”cão

A dose foi de cinco grãos; o cachorro dormiu dois dias e depois morreu. Dose muito alta. Sertuerner reduziu a dose pela metade, e um segundo cachorro também morreu em estado de coma. Dose muito alta ainda.

 

Novas experiências realizou com doses cada vez mais baixas, até que acertou o ponto. Conseguiu assim fazer que os animais caíssem no sono profundo  como o do ópio. Logo, aquele cristal branco era o que na massa parda de nome “ópio” fazia dormir. Era a qualquer coisa tão procurada!

E lá foi uma segunda comunicação para Trommsdorff: “Tive a felicidade de encontrar no ópio uma substancia até hoje totalmente desconhecida… Não é terra, nem glúten, nem resina o composto que descobri, mas algo inteiramente novo. Essa substância é o elemento narcótico específico do ópio….Principium somniferum

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