segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Do ópio, o pó cinza

Noites e noites o novo farmacêutico. ali com Cramer, realizava experiências novas, conforme as idéias lhe iam vindo. E assim foi até que uma dessas idéias deu resultado. Ao dissolver certa quantidade de ópio num ácido, processo simples que já usara meses antes, ele ponderou sobre o que sucederia se aquela solução ácida fosse neutralizada pela amônia alcalina.

Tomou o frasco de amônia e cuidadosamente despejo na solução de ópio, a qual se aqueceu, reação da amônia com o ácido, e depois esfriou. Súbito, como se um magico houvesse entrado em campo, a solução transparente se fez opaca: uma vegetação de cristais havia brotado no fundo do recipiente.

- O ópio é pardo  e estes cristais são cinzentos, observou Sertuerner. Logo estes cristais não são de ópio…

opio

Quem sabe? Quem sabe se não era aquilo a tal qualquer coisa que fazia cessar as dores?

Sertuerner tirou a prova, a qual resultou negativa.

- Não importa, aconselhou Cramer. A descoberta pode ter seu valor. Escreva uma comunicação científica e mande-a a alguém, ao professor Trommsdorff, por exemplo.

Sertuerner, então com vinte anos, ia começar a aparecer. Sentou-se à mesinha e escreveu uma simples carta ao grande Trommsdorff, da Universidade de Erfurt. Descreveu o novo corpo e terminou com escusas: “Não posso determinar se é algo novo ou algum composto já conhecido, porque minhas ocupações comerciais privam-me de mais amplos estudos. Mas acho que o assunto merece a atenção dos especialistas, em vista do grande papel do ópio na medicina…”

Trommsdorff riu-se. “Estes meninos parlapatões! Confundem brincadeiras de crianças com investigação científica”, mas apesar disso publicou a carta em seu jornal.

Nem Trommsdorff, nem Sertuerner, nem ninguém suspeitava da existência naqueles cristais cinzento duns cristais brancos que iriam operar a maior das revoluções na medicina.

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